14.4.11

Portugal "mais próximo" da Europa sobretudo devido a "grupos jovens e escolarizados"

in Destak

Portugal está “mais próximo” da média europeia em vários indicadores sociais devido ao comportamento dos mais jovens e escolarizados, o que significa há o risco de se criarem disparidades inter-geracionais no país.

Em declarações à Lusa, João Ferrão, coordenador dos Observatórios do Instituto de Ciências Sociais (ICS), de Lisboa, explicou que se estão a “cavar diferenças entre gerações no interior do país”, o que “não é necessariamente um problema mas pode tornar-se num problema”.

“Não podemos ter um país a duas velocidades: uma parte do país mais nova, mais dinâmica, com novos valores, novos comportamentos e novos estilos de vida e uma outra parte onde persistem valores e comportamentos de natureza mais tradicional”, afirmou o investigador, acrescentando que isto “apenas é negativo se se transformar numa clivagem que divide os portugueses”.

João Ferrão falava à Lusa a propósito da apresentação de vários indicadores compilados pelos cinco Observatórios do ICS que ilustram “Portugal no contexto europeu”, hoje formalmente anunciados.

Para João Ferrão, a solução deste potencial problema passa, em primeiro lugar, por “ter consciência” de que ele existe “para que as diferenças inter-geracionais não se transformem num fosso, do ponto de vista dos conflitos de interesses e do diálogo entre gerações”.

Depois, é preciso promover “formas de suscitar essa aproximação inter-geracional”, no contexto das famílias, das comunidades, da escola e até das empresas. “É uma responsabilidade partilhada”, resume.

Portugal é o país da União Europeia cujos cidadãos entram mais cedo para o mercado de trabalho, com a média de idades do primeiro emprego nos 17,7 anos, contra os 19 anos da média europeia. No entanto, os portugueses saem de casa, em média, aos 21,6 anos, um valor próximo da média europeia, de 21,1 anos (dados de 2006).

Um dos indicadores (dados de 2009) em que Portugal está na vanguarda são as licenças de paternidade (quatro semanas), a par da Lituânia e apenas atrás da Eslovénia (12 semanas).

Quase 70 por cento dos portugueses dão prioridade ao ambiente sobre a competitividade económica, um valor em linha com a média europeia. No entanto, os portugueses apenas "rara ou ocasionalmente" assinam petições ou aderem a manifestações sobre o nuclear, a biotecnologia ou o ambiente.

Por outro lado, Portugal não está bem posicionado na despesa dos agregados familiares em lazer e cultura nem no emprego cultural que, em 2005, representava apenas pouco mais de um por cento da população ativa, o segundo pior desempenho, apenas à frente da Roménia.