5.4.11

Recuperação da zona euro mantém-se "frágil"

in Diário de Notícias

A recuperação na zona euro mantém-se frágil, devendo o PIB registar um crescimento de 1,5 por cento em 2011 e 1,7 por cento em 2012, num momento em que permanecem dúvidas sobre o apelo de Portugal à ajuda externa.

De acordo com as previsões de primavera hoje divulgadas pelo "Ernst & Young Eurozone Forecast", o relatório trimestral que efectua a previsão da evolução macroeconómica em todos os países da zona euro, "mesmo que Portugal e a zona euro ultrapassem esta crise a perspectiva continua a ser um desafio, com a probabilidade de haver uma Europa a várias velocidades".

O relatório destaca que "embora o mecanismo europeu de estabilidade, criado na recente cimeira da União Europeia, tenha permitido algum alívio, verifica-se um aumento da tensão resultante da instabilidade política em Portugal, após a renúncia do primeiro-ministro José Sócrates".

A recuperação económica na zona euro mantém-se, por isso, "frágil e há a possibilidade de Portugal apelar à ajuda externa".

Segundo as previsões da Ernst & Young, "apesar de uma recuperação na economia global, a zona euro continua a enfrentar o desafio e preocupações da dívida soberana, da instabilidade política e do aumento dos preços", um ambiente de incerteza que "continua a travar o investimento por parte das empresas e a consequente criação de emprego".

Um outro ponto que merece a atenção da Ernst & Young prende-se com o aumento das taxas de juro: "apesar do aumento da inflação, a subida [das taxas de juro] verificada esta semana, e o subsequente aumento já verificado este ano para tentar abafar o nível de inflação, poderá pôr em perigo a frágil recuperação económica na zona euro".

"Consideramos ser um erro político o aumento das taxas como resposta à inflação, uma vez que terá impacto no crescimento do PIB", destacam os analistas deste organismo.

Entendem, a propósito, que "o BCE não tem necessidade desta estratégia, tanto mais porque a previsão aponta para que em 2012 o preço do petróleo comece a cair, os preços dos alimentos voltem para perto dos níveis anteriores, que o efeito do aumento do IVA verificado em 2011 desapareça, e a própria inflação volte a cair abaixo dos 2 por cento".

A Ernst & Young estima ainda a possibilidade de riscos de deterioração para o crescimento do PIB perante as tensões no Médio Oriente "uma vez que pode provocar uma reavaliação dos riscos nos mercados financeiros, com preços em queda rápida e prémios de risco crescente em vários títulos".

Para a zona euro "isso pode significar uma evolução deveras negativa se conduzir a uma nova escalada da crise de títulos soberanos", sublinha a Ernst & Young, destacando que "os mais recentes desenvolvimentos em Portugal são preocupantes e as suas consequências poderão ser muito graves".