in Diário de Notícias
As empresas portuguesas e espanholas continuam a ter oportunidades no mercado ibérico e devem apostar, paralelamente, em esforços conjuntos para chegar a outros mercados mais complexos, afirmou o presidente da Câmara Hispano-Portuguesa (CHP).
"Há cada vez mais empresas espanholas a olhar para o mercado português e vice-versa. E os números indicam isso. Que depois de um 2009 muito duro, o ano passado notou um crescimento nas trocas comerciais", disse Rui Soares, num almoço-debate em Madrid.
"Continua a haver muitas oportunidades para fazer negócio em Portugal e Espanha. Ainda que antes os investimentos eram de empresas de grande e média dimensão e agora são de empresas de menor dimensão", considerou.
Rui Soares intervinha num almoço-debate sobre as percepções ibéricas, promovido pelo Circulo de Empresários e Gestores Espanhóis e Portugueses (CEGEP) e pela Câmara Hispano-Portuguesa (CHP), entidades que trabalham em Espanha para aproximar empresários e empresas ibéricas.
O responsável da CHP destacou o facto de nos últimos anos ter aumentado as exportações e o investimento de empresas de Portugal e Espanha fora dos mercados europeus, algo que pode e deve ser reforçado.
"É importante que as instituições, como o CEGEP e a CHP, mas também as empresas e os cidadãos, apostem nas actuações em conjunto, na optimização de recursos, no potenciar das capacidades e nas respostas conjuntas aos novos desafios", disse.
Opinião ecoada por Javier Olivares, responsável do CEGEP que destacou a vontade da entidade colaborar com organismos como a CHP, no intuito de apoiar as empresas e os empresários de Portugal e Espanha.
Em debate no almoço de hoje esteve o barómetro anual sobre a percepção mútua ibérica, realizado por duas entidades ibéricas - o Centro de Análises Sociais da Universidade de Salamanca (CASUS) e o Centro de Investigação e Estudos de Sociologia (CIES --IUL) de Lisboa.
O último estudo global - terceira edição, divulgada em Abril - indicou que o número de portugueses e de espanhóis que defendem a união federativa entre Portugal e Espanha aumentou em 2010, face ao ano anterior.
O apoio a essa união é maior no caso dos portugueses (46,1 por cento que "concordam" ou "concordam totalmente" com essa ideia) do que no caso dos espanhóis (39,8 por cento), mas essa percentagem aumentou nos dois casos, respectivamente de 45,6 e de 31 por cento.
Na sua edição de 2010, o estudo analisa já o impacto da crise económica, com os cidadãos dos dois países a considerarem a situação atual um impedimento para a actividade comercial e empresarial entre os dois países.
Maioritariamente, os sondados consideram que os dois países ganhariam com uma integração económica mais estreita.
A ampla maioria dos espanhóis vê positivamente a vinda de empresas portuguesas para Espanha, apostando em particular em parcerias ou fusões para conseguir dimensão.
No sentido inverso os portugueses favorecem mais investimento espanhol e na maior internacionalização para Espanha de empresas portuguesas.