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Primeiro-ministro reconhece assimetrias dos rendimentos, mas rejeita novos impostos às grandes fortunas.
Pedro Passos Coelho mostrou-se confiante que as medidas de austeridade não vão provocar manifestações ou conflitos sociais em Portugal. Em entrevista, ao jornal espanhol “El País”, lembrou que a maioria das reformas tem um amplo apoio político e que os portugueses "sabem que terão de fazer sacrifícios, mas que isso representa o seu bilhete de saída da crise".
“Os portugueses sabem que só garantindo a aplicação das medidas, disse, é possível garantir financiamento”, sublinhou.
O primeiro-ministro considera que Portugal tem um dos índices mais elevados de assimetria na distribuição das receitas mas, nesta entrevista, rejeita a aplicação de um imposto sobre as grandes fortunas. Temos que aplicar políticas que permitam uma redistribuição de rendimentos mais equitativa", advogou.
O governante rejeitou, no entanto, propor qualquer imposto sobre as grandes fortunas, já que o país necessita de "atrair fortunas, investimento e capital externo".
Passos Coelho - que visitou Madrid na quarta-feira - reconheceu que a assimetria fiscal é uma realidade em toda a UE, mas que adoptar medidas fiscais muito duras pode levar à fuga de capitais.
E o TGV?
Sobre o comboio de alta velocidade, Passos Coelho insiste nas "dificuldades económicas que impedem que este projecto possa avançar como estava programado" e na defesa da ligação em bitola europeia para mercadorias. "Para o crescimento económico, isto é mais prioritário que o transporte de passageiros", afirmou ao "El País".
Questionado sobre se a suspensão do projecto é "definitiva", Passos Coelho considerou que "a única coisa definitiva é a morte", mas que Portugal "nos próximos anos não estará em condições de retomar o investimento" no TGV. Apesar disso, revela que Lisboa está disponível a estudar, com Espanha e a Comissão Europeia, uma fórmula alternativa para não perder fundos comunitários que estavam destinados ao projecto".
Nesta entrevista, o primeiro-ministro assegura não haver qualquer distanciamento entre os dois países pelo facto de desde 2009 não se realizar qualquer cimeira bilateral. E lembra que ambos "viveram um período dominado pela crise das dívidas soberanas na Europa", com eleições em Portugal e um voto legislativo próximo em Espanha.