in Público on-line
Apesar dos progressos feitos nos últimos anos em infraestruturas tecnológicas, os portugueses não usam a Internet com frequência, revela o Projecto Inclusão e Participação Digital, que aponta que são os mais jovens quem mais usa as novas tecnologias.
A investigação revela que Portugal “progrediu muito nos últimos anos no que se refere a infraestruturas tecnológicas e no acesso a meios digitais”, mas essa facilidade no acesso “não se traduziu num uso frequente da Internet por parte das crianças, jovens e suas famílias”.
“Os resultados obtidos junto de famílias portuguesas evidenciaram não só clivagens por idades, mas também diferenças entre o acesso a meios digitais e o seu uso frequente”, sendo que “os pais portugueses estão entre os que menos usam a Internet e, entre os que a usam, apenas um terço o faz com frequência”, revela o estudo, citado pela Lusa.
O Projecto Inclusão e Participação Digital, financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, vai ser apresentado a 4 de Novembro, mas já foram tornadas públicas algumas conclusões preliminares. No âmbito deste estudo foram analisadas as práticas de utilização da Internet por mulheres e adultos com mais de 55 anos, crianças e jovens de meios desfavorecidos e imigrantes. Foram entrevistadas 65 famílias, levados a cabo inquéritos e feitas observações em meia centena de Espaços Internet em vários pontos do país durante dois anos.
Este Projecto Inclusão e Participação Digital faz ainda a comparação do uso destes meios digitais em Portugal e nos Estados Unidos da América, tendo este estudo sido feito em parceria entre a Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (Lisboa), a Faculdade de Letras da Universidade do Porto e a Universidade do Texas (Austin).
Fosso entre homens e mulheres está a diminuir
O Projecto Inclusão e Participação Digital revela igualmente que o fosso digital entre homens e mulheres está a diminuir, mas conclui que “as mulheres estão em desvantagem no que diz respeito a uma penetração dessas tecnologias nas rotinas quotidianas”.
“Apesar de 77 por cento das mulheres entrevistadas nos Espaços Internet e em Centros de Emprego e Formação Profissional das áreas metropolitanas de Lisboa e Porto declararem possuir computador portátil (contra 70 por cento dos homens), o fosso digital continua a existir no que respeita à qualidade e ao tempo da utilização dos meios”, revela a investigação.
No que diz respeito aos Espaços Internet, os dados mostram que estes espaços são sobretudo procurados por quem já sabe usar a Internet, nomeadamente jovens e adolescentes que aí se deslocam pela gratuitidade do acesso à rede.
O projecto de investigação dedicou também tempo aos “impactos por conhecer” do computador Magalhães e os investigadores criticam “a falta de atenção pública aos impactos desse pequeno computador, não só nas escolas, mas também nas famílias, nomeadamente nas de menos recursos”.
A coordenadora desta investigação, Cristina Ponte - da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas -, diz mesmo que “podem ter sido subestimadas as dificuldades educacionais e de inclusão digital dos pais das crianças e a falta de tempo para as acompanhar enquanto estão online”.
A apresentação de todos os resultados do Projecto Inclusão e Participação Digital está marcada para a conferência Diversidade Digital, agendada para 4 de Novembro no auditório da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.