Quarta-feira decisiva. Olhos postos em BruxelasMundo financeiro espera uma resposta sem ambiguidades dos líderes europeus, que hoje devem acordar e anunciar um pacote de medidas para combater a crise da dívida

por Daniel Rosário, in RR

Os chefes de Estado e de Governo da União Europeia e, depois, apenas os da Zona Euro, reúnem-se hoje, em Bruxelas, com o objectivo de encontrar compromissos que permitam salvar a Grécia, proteger os bancos e reforçar a capacidade do fundo de resgate.

Depois de ter sido anulada - sem grandes explicações - a reunião de ministros das Finanças prevista para esta manhã, será às 18h00, quando os mercados fecharem, que os líderes europeus vão dar início aos trabalhos, naquele que é considerado o momento do tudo ou nada para travar a crise da dívida e salvar a moeda única.

O encontro começa a 27 e prossegue, uma hora mais tarde, a 17. Na mesa, estarão três questões política e tecnicamente interligadas. Com a Grécia no epicentro da crise, deve ser fechado, o segundo pacote de ajuda, que envolverá mais cerca de 110 mil milhões de euros, e também perdas superiores para os investidores privados, que poderão rondar os 50%.

A decisão terá repercussões para os bancos, que, por serem detentores de dívida grega e também de outros países considerados de risco, terão que se submeter a um processo de recapitalização, o segundo elemento do pacote europeu.

Este processo pode deixar vários bancos numa posição mais vulnerável e manter os riscos de contágio a outros países. É, por isso, preciso aumentar a capacidade de intervenção do Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF), que servirá de barreira para socorrer bancos e países em necessidade, constituindo a terceira "peça da artilharia" europeia contra a crise.

É quase certo que haverá um acordo em relação aos três pontos. A questão que se mantém em aberto é a de saber se isso terá o desejado efeito decisivo junto dos mercados e se assinalará, finalmente, o início do fim da crise.

O passado recente aconselha a que o cumprimento destas ambições seja encarado com muitas reservas.