in Público on-line
Não é a primeira campanha publicitária a causar polémica, e as críticas nem se devem ao facto de estarem a ser promovidos artigos de luxo em tempo de crise. A criadora norte-americana Donna Karan está a ser criticada pelos anúncios feitos no Haiti.
Para promover a sua colecção de roupa para a próxima Primavera, a criadora Donna Karan resolveu fazer uma campanha na cidade de Jacmel, no Sul do Haiti, devastado pelo terramoto de Janeiro de 2010.
Em primeiro plano vê-se a modelo brasileira Adriana Lima, rosto sério e olhar profundo, vestida com um macaco verde que custa cerca de 1500 euros. Mais atrás, dois rapazes haitianos, provavelmente sobreviventes do terramoto, com as suas t-shirts e a olhar o vazio. É esta combinação de luxo e miséria que está a gerar polémica.
A campanha já foi alvo de comentários muito críticos, tendo sido considerada “racista” ou “imperialista”, sublinhou o diário espanhol El País. A empresa norte-americana de roupa e artigos de luxo defendeu-se, no entanto, ao referir que o objectivo do anúncio foi “fundir o espírito vibrante do Haiti com a inspiração sexy de Nova Iorque”.
Segundo a empresa pretendeu-se dar a conhecer a cultura haitiana, ainda que isso não fique muito claro na imagem recolhida pelo fotógrafo Russell James onde apenas se vêem, ao fundo, dois jovens haitianos, por cima da legenda “fotografado no Haiti”.
Os porta-vozes da criadora norte-americana garantiram que a intenção não foi ofender. “Donna Karan tem estado profundamente empenhada em apoiar e dar confiança ao Haiti desde o terramoto” de 12 de Janeiro de 2010, em que morreram mais de 300 mil pessoas.
“O Haiti foi uma inspiração natural para a colecção da Primavera de 2012. O objectivo da campanha é celebrar a cultura e criatividade das pessoas do Haiti”, adiantou a empresa em comunicado.