Por Kátia Catulo, in ionline
Dados do Eurostat mostram que em dois anos há mais 10 mil jovens entre os 18 e 24 anos sem trabalho e fora do sistema de ensino. O valor não destoa da média europeia
Têm entre 18 e 24 anos, não estudam, não estão a trabalhar e nem sequer frequentam qualquer tipo de formação. Em Portugal, a população desta faixa etária que deixou para trás a escola ou a universidade, que não encontrou ou desistiu de procurar um lugar no mercado de trabalho ultrapassa os 123 mil jovens. Estão no limbo e representam 14,8% dos 83 mil portugueses dos 18 aos 24 anos, mas o valor revelado pelo Eurostat coloca o país ligeiramente abaixo da média dos 27 estados da União Europeia (16,5%).
O certo é que os números do gabinete de estatísticas da União Europeia mostram que este é um fenómeno crescente nos 27 países analisados. Em Portugal, por exemplo, os dados mostram que entre 2008 e o ano passado, existiam mais 10 mil jovens que não estavam a estudar ou a trabalhar. A cada ano, esta realidade cresce a um ritmo de cerca de 1% – em 2008 os valores situavam-se nos 12,7%, no ano seguinte subiram para 13,9%. Ao nosso lado está apenas a Bélgica com 14,3% desta população desempregada e fora do sistema de ensino.
Todos os outros países flutuam acima ou abaixo de Portugal, mas é a Holanda que alcança o melhor resultado – em 2010, apenas 5,9% destes jovens deixaram os estudos e não encontraram emprego nem investiram na formação. Luxemburgo e Noruega, ambos com 6,9%, surgem logo abaixo, mas é a Suíça, com 7,9%, a destacar-se nas estatísticas do Eurostat por inverter a crescente tendência deste fenómeno: em 2009 esta população atingia os 9%. Proeza igual aconteceu na Islândia que de 9,3% em 2009, desceu para 8,4%, apesar de este valor representar ainda assim quase o dobro da taxa atingida em 2008 (4,9%). Dinamarca com 8,1% e Áustria (8,8%) são outros dois países que revelaram os melhores desempenhos.
Os piores. A liderar a lista dos países que mais se afastam da média europeia está a Bulgária (27,8%), a Itália (24,2%) e a Irlanda (24,1%). Espanha não está muito melhor, tendo em 2010 atingido os 22,4% da população entre 18 e 24 anos sem uma ocupação académica ou profissional. Até mesmo a Grécia (20,6%) conseguiu um melhor resultado (20,6%). Alemanha (11,4%) e França (16,2%) mantêm-se abaixo da média europeia, mas o mesmo não acontece com o Reino Unido, a três décimas dos 18%.
A rebentar a escala negativa está a Turquia, que bate todos os recordes com 39,2% e, mesmo assim, conseguiu reduzir quase dois pontos percentuais face a 2009. O Leste europeu não é todo igual e basta comparar os valores entre Roménia (20%), Letónia (22,5%), Eslovénia (8,9%) ou Polónia (14,5%) para concluir que nem todos os antigos países da zona de influência da União Soviética caminham à mesma velocidade. As médias da UE-27 (16,5%) e da zona euro-17 (16,4%) quase que se tocam, mas é nos países da moeda única que esta realidade mais cresceu – em 2008, a população jovem excluída do ensino e do mercado de trabalho atingia os 14,1%, enquanto que na UE-27 não ultrapassou os 13,5%.