19.12.11

Não trabalham nem estudam. Há 123 mil jovens portugueses que caíram no limbo

Por Kátia Catulo, in ionline

Dados do Eurostat mostram que em dois anos há mais 10 mil jovens entre os 18 e 24 anos sem trabalho e fora do sistema de ensino. O valor não destoa da média europeia

Têm entre 18 e 24 anos, não estudam, não estão a trabalhar e nem sequer frequentam qualquer tipo de formação. Em Portugal, a população desta faixa etária que deixou para trás a escola ou a universidade, que não encontrou ou desistiu de procurar um lugar no mercado de trabalho ultrapassa os 123 mil jovens. Estão no limbo e representam 14,8% dos 83 mil portugueses dos 18 aos 24 anos, mas o valor revelado pelo Eurostat coloca o país ligeiramente abaixo da média dos 27 estados da União Europeia (16,5%).

O certo é que os números do gabinete de estatísticas da União Europeia mostram que este é um fenómeno crescente nos 27 países analisados. Em Portugal, por exemplo, os dados mostram que entre 2008 e o ano passado, existiam mais 10 mil jovens que não estavam a estudar ou a trabalhar. A cada ano, esta realidade cresce a um ritmo de cerca de 1% – em 2008 os valores situavam-se nos 12,7%, no ano seguinte subiram para 13,9%. Ao nosso lado está apenas a Bélgica com 14,3% desta população desempregada e fora do sistema de ensino.

Todos os outros países flutuam acima ou abaixo de Portugal, mas é a Holanda que alcança o melhor resultado – em 2010, apenas 5,9% destes jovens deixaram os estudos e não encontraram emprego nem investiram na formação. Luxemburgo e Noruega, ambos com 6,9%, surgem logo abaixo, mas é a Suíça, com 7,9%, a destacar-se nas estatísticas do Eurostat por inverter a crescente tendência deste fenómeno: em 2009 esta população atingia os 9%. Proeza igual aconteceu na Islândia que de 9,3% em 2009, desceu para 8,4%, apesar de este valor representar ainda assim quase o dobro da taxa atingida em 2008 (4,9%). Dinamarca com 8,1% e Áustria (8,8%) são outros dois países que revelaram os melhores desempenhos.

Os piores. A liderar a lista dos países que mais se afastam da média europeia está a Bulgária (27,8%), a Itália (24,2%) e a Irlanda (24,1%). Espanha não está muito melhor, tendo em 2010 atingido os 22,4% da população entre 18 e 24 anos sem uma ocupação académica ou profissional. Até mesmo a Grécia (20,6%) conseguiu um melhor resultado (20,6%). Alemanha (11,4%) e França (16,2%) mantêm-se abaixo da média europeia, mas o mesmo não acontece com o Reino Unido, a três décimas dos 18%.

A rebentar a escala negativa está a Turquia, que bate todos os recordes com 39,2% e, mesmo assim, conseguiu reduzir quase dois pontos percentuais face a 2009. O Leste europeu não é todo igual e basta comparar os valores entre Roménia (20%), Letónia (22,5%), Eslovénia (8,9%) ou Polónia (14,5%) para concluir que nem todos os antigos países da zona de influência da União Soviética caminham à mesma velocidade. As médias da UE-27 (16,5%) e da zona euro-17 (16,4%) quase que se tocam, mas é nos países da moeda única que esta realidade mais cresceu – em 2008, a população jovem excluída do ensino e do mercado de trabalho atingia os 14,1%, enquanto que na UE-27 não ultrapassou os 13,5%.