Metade do Mundo viverá sem água

VA, in Jornal de Notícias

Em 2025 cerca de 1800 milhões de pessoas viverão em regiões com falta de água e dois terços da população mundial podem enfrentar uma drástica escassez de água, alertou ontem a FAO - Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura.

A organização sublinhou que o consumo de água duplicou em relação ao crescimento da população mundial. Cerca de mil milhões de pessoas em todo o mundo vivem já sem acesso a água limpa suficiente para suprir as suas necessidades básicas diárias e mais de 2,5 milhões não têm saneamento básico. As situações mais drásticas são vividas em zonas áridas do planeta, onde habitam mais de dois biliões de pessoas e metade da população pobre do mundo. A maior parte desses países é do próximo Oriente e Norte de África, bem como México, Paquistão, África do Sul e extensas zonas da China e da Índia. Este alerta surge como um desafio a todos os países "para uma gestão sustentável, eficaz e equitativa dos recursos hídricos, cada vez mais escassos". Essa será também a tónica usada no Dia Mundial da Água, 22 de Março, coordenado pela FAO.

De acordo com a FAO, a agricultura é o primeiro consumidor a nível mundial, utilizando cerca de 70% da água proveniente de lagos e rios. Este valor aumenta para os 90% em vários países em vias de desenvolvimento, ocupando cerca de três quartos das terras irrigadas.

Para Pascual Steduto, especialista da FAO, que preside à ONU-Água, "uma gestão correcta dos recursos hídricos a todos os níveis pode ajudar os países a adoptarem métodos flexíveis permitindo que mais pessoas tenham acesso a água". Acrescentou ainda que "a comunidade mundial tem os conhecimentos necessários, é chegado o momento de actuar".