Ana Paula Lima, in Jornal de Notícias
A taxa de desemprego, em 2006, ficou acima das previsões do Governo de José Sócrates. O ano terminou com uma taxa de desemprego de 7,7%, mais 0,1 ponto percentual que os 7,6% previstos no Orçamento de Estado e no Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC) para 2006 e que a taxa registada em 2005, segundo os dados ontem divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
Os dados referem a existência de 427,8 mil pessoas desempregadas no final de 2006, mais 1,3% do que no ano transacto. No que se refere à população empregada, verificou-se um acréscimo de 0,7%, suportado, essencialmente, pela subida do emprego masculino e pelo comportamento positivo nos sectores da indústria, construção, energia e água.
Mulheres mais afectadas
A escalada do desemprego foi provocada, mais uma vez, pelo aumento do número de mulheres que ficaram sem emprego. Em 2006, a população feminina desempregada registou uma subida em relação a 2005, passando de uma taxa de 8,7% para 9% no final do ano passado. Entre os homens assinalou-se uma descida de 6,7%, em 2005, para 6,5%. O INE adianta, ainda, que o aumento do desemprego se fez sentir em todas as faixas etárias, mas foi mais evidente entre indivíduos com o Ensino Básico e Superior completos, tendo diminuído ligeiramente entre a população activa com os níveis de escolaridade secundário e pós-secundário. Em relação a 2005, o número de desempregados à procura de novo emprego aumentou 1,5% (mais 11,4 mil pessoas oriundas, em grande parte, do sector dos serviços). O desemprego de muito longa duração (à procura de emprego há 25 e mais meses) subiu para 4%, face aos 3,8% de 2005, com mais de 26 mil pessoas nesta situação no final de 2006.
Alentejo e Norte em alta
No último trimestre de 2006, a taxa de desemprego foi de 8,2%, superior em 0,2 pontos percentuais face ao mesmo trimestre de 2005, e mais alta 0,8 pontos percentuais na comparação com o trimestre anterior. Entre Outubro e Dezembro, o número de indivíduos desempregados era de 458,6 mil, mais 2,5% do que no trimestre homólogo e mais 9,9% face ao trimestre anterior.
O INE salienta, ainda, que entre o terceiro e o quarto trimestres de 2006, 1,3% da população activa inicialmente empregada passou para uma situação de desemprego, enquanto 1,4% transitou para a inactividade. Em termos anuais, o Alentejo foi a região com a taxa de desemprego mais alta, com uma percentagem de 9,2%, seguida da Região Norte, onde o desemprego atingiu 8,9% da população activa. Lisboa ocupa a terceira posição com uma percentagem de 8,5%. No quarto trimestre, o Norte registou a maior taxa de desemprego, atingindo os 9,7%. Para o ministro do Trabalho, Vieira da Silva, os resultados do trimestre não deixam o Governo "satisfeito", mas nos anuais defendeu que "o valor está próximo do previsto".
População activa aumentou
Os dados do Inquérito ao Emprego estimam que, em 2006, a população activa aumentou 0,8% face a 2005, situando-se nos 5,587 milhões de indivíduos.
Maior parte trabalha nos serviços
Dos 5,159 milhões da população empregada, cerca de três milhões trabalham no sector dos serviços, 1,5 milhões estão na indústria, construção, energia e água, e 600 mil na agricultura, silvicultura e pesca.