Por Ana Rita Faria, in Jornal Público
A administradora do Banco de Portugal, Teodora Cardoso, defendeu hoje que Portugal tem de mudar de vida. A economia já não se pode endividar mais, tem de proceder às reformas estruturais que devia ter feito há décadas e evitar a fuga de jovens qualificados.
Para a economista, o problema de Portugal não é só orçamental e não pode ser comparado à situação pela qual o país passou nos anos 80, em que foi necessário recorrer à intervenção do Fundo Monetário Internacional (FMI).
“Nos anos 80, tivemos transitoriamente de mostrar que éramos capazes de nos endividar mais. Agora já não nos podemos endividar mais”, afirmou hoje Teodora Cardoso, durante a conferência “Portugal 2011: vir o Fundo ou ir ao fundo”, que está a decorrer na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa.
Para a administradora do Banco de Portugal, a única hipótese é Portugal levar a sério a mudança estrutural que deveria ter começado a fazer nos anos 80. “Fomos adiando e adiando, agora temos de mudar de vida”, conclui.
De acordo com Teodora Cardoso, “os programas de medidas atribuídas à pressão de entidade externas podem, como sucedeu com os programas de estabilização do FMI, resolver crises de financiamento no curto prazo”, mas não os problemas actuais, que combinam a “necessidade de reduzir o endividamento de todos os sectores da economia – não apenas do Estado – e fomentar o crescimento sustentado”.
A economista destaca ainda que um dos maiores riscos que Portugal corre é o de “desmotivar os jovens que andou a educar para tornar o país mais moderno e competitivo”. Para Teodora Cardoso, a fuga de jovens portugueses para o estrangeiro seria “a maior tragédia, pior que a da dívida externa”.