3.3.11

Preço dos medicamentos genéricos deve baixar quatro vezes este ano

in Jornal de Notícias

Os medicamentos genéricos deverão baixar de preço quatro vezes durante este ano em Portugal, segundo estimou, esta quarta-feira, a Associação de Medicamentos Genéricos no Parlamento.

O presidente da Associação de Medicamentos Genéricos (Apogen), Paulo Lilaia, disse na comissão parlamentar de saúde que se estima que o preço dos genéricos caia em Maio, Julho e Outubro.

Preço deve baixar em Abril, Maio, Julho e Outubro

Em Abril, como já anunciou o Governo, os medicamentos vão descer devido à revisão anual dos preços, tendo por base os quatro países de referência para Portugal: Espanha, Grécia, França e Itália.

No mês seguinte, é feita a revisão do preço dos genéricos, que devem ter depois revisões de preços em Julho e Outubro. De acordo com Paulo Lilaia, não sendo permitido que estas revisões impliquem um aumento do preço, os genéricos deverão baixar nestes três períodos.

Segundo o presidente da Apogen, entre Junho de 2010 e Janeiro deste ano, o preço dos genéricos desceu em média 25%.

Tomando como exemplo estas alterações previstas, o presidente da Apogen disse ainda que o processo de mudança de preço nas embalagens dos remédios é "caótico".

"Não temos nada contra o preço nas embalagens. Mas se for reposto, tem de haver um prazo suficiente para que [os antigos] sejam escoados", sugeriu.

A Apogen estimou ainda que a prescrição por substância activa possa aumentar os custos com medicamentos e alertou para a confusão a que poderá levar os doentes, ao permitir uma troca sistemática de remédios.

"Sem a adesão dos médicos, a prescrição por DCI (denominação comum internacional) não resolve absolutamente nada. A DCI pode até levar a que os custos com medicamentos aumentem", afirmou Paulo Lilaia aos deputados da comissão parlamentar de saúde.

Segundo o responsável, para proteger os doentes, a classe médica já admitiu "deslocar a prescrição" para medicamentos com patente, que não podem ser trocados, que têm um preço mais elevado.

A Apogen receia que a prescrição por substância activa, permitindo a compra do medicamento mais barato, possa levar a que os doentes aviem na farmácia medicamentos com caixas e cores diferentes, o que pode aumentar a confusão, sobretudo no caso dos mais idosos.

Baseando-se em indicações da Ordem dos Médicos de que os clínicos não adeririam à prescrição por DCI, Paulo Lilaia diz estar convencido que a quota dos genéricos baixaria com esta medida.

Aos deputados, o presidente da Apogen transmitiu ainda a sua preocupação quanto ao impacto da prescrição por substância activa na indústria farmacêutica: "levaria à destruição da indústria de base nacional. A indústria farmacêutica portuguesa seria aniquilada".

Também a Associação dos Farmacêuticos Hospitalares foi ouvida na comissão parlamentar de saúde, tendo defendido que a prescrição por DCI deve avançar, nem que seja numa primeira fase como experiência piloto numa região.

Assumindo que defende a prescrição por substância activa, esta associação alertou, no entanto, que é necessário criar uma base de medicamentos parametrizada que seja útil para apoiar os médicos, sobretudo na área dos cuidados de saúde primários.