in Jornal de Notícias
Os medicamentos genéricos deverão baixar de preço quatro vezes durante este ano em Portugal, segundo estimou, esta quarta-feira, a Associação de Medicamentos Genéricos no Parlamento.
O presidente da Associação de Medicamentos Genéricos (Apogen), Paulo Lilaia, disse na comissão parlamentar de saúde que se estima que o preço dos genéricos caia em Maio, Julho e Outubro.
Preço deve baixar em Abril, Maio, Julho e Outubro
Em Abril, como já anunciou o Governo, os medicamentos vão descer devido à revisão anual dos preços, tendo por base os quatro países de referência para Portugal: Espanha, Grécia, França e Itália.
No mês seguinte, é feita a revisão do preço dos genéricos, que devem ter depois revisões de preços em Julho e Outubro. De acordo com Paulo Lilaia, não sendo permitido que estas revisões impliquem um aumento do preço, os genéricos deverão baixar nestes três períodos.
Segundo o presidente da Apogen, entre Junho de 2010 e Janeiro deste ano, o preço dos genéricos desceu em média 25%.
Tomando como exemplo estas alterações previstas, o presidente da Apogen disse ainda que o processo de mudança de preço nas embalagens dos remédios é "caótico".
"Não temos nada contra o preço nas embalagens. Mas se for reposto, tem de haver um prazo suficiente para que [os antigos] sejam escoados", sugeriu.
A Apogen estimou ainda que a prescrição por substância activa possa aumentar os custos com medicamentos e alertou para a confusão a que poderá levar os doentes, ao permitir uma troca sistemática de remédios.
"Sem a adesão dos médicos, a prescrição por DCI (denominação comum internacional) não resolve absolutamente nada. A DCI pode até levar a que os custos com medicamentos aumentem", afirmou Paulo Lilaia aos deputados da comissão parlamentar de saúde.
Segundo o responsável, para proteger os doentes, a classe médica já admitiu "deslocar a prescrição" para medicamentos com patente, que não podem ser trocados, que têm um preço mais elevado.
A Apogen receia que a prescrição por substância activa, permitindo a compra do medicamento mais barato, possa levar a que os doentes aviem na farmácia medicamentos com caixas e cores diferentes, o que pode aumentar a confusão, sobretudo no caso dos mais idosos.
Baseando-se em indicações da Ordem dos Médicos de que os clínicos não adeririam à prescrição por DCI, Paulo Lilaia diz estar convencido que a quota dos genéricos baixaria com esta medida.
Aos deputados, o presidente da Apogen transmitiu ainda a sua preocupação quanto ao impacto da prescrição por substância activa na indústria farmacêutica: "levaria à destruição da indústria de base nacional. A indústria farmacêutica portuguesa seria aniquilada".
Também a Associação dos Farmacêuticos Hospitalares foi ouvida na comissão parlamentar de saúde, tendo defendido que a prescrição por DCI deve avançar, nem que seja numa primeira fase como experiência piloto numa região.
Assumindo que defende a prescrição por substância activa, esta associação alertou, no entanto, que é necessário criar uma base de medicamentos parametrizada que seja útil para apoiar os médicos, sobretudo na área dos cuidados de saúde primários.