Por Susana Almeida Ribeiro, in Público on-line
O americano Bill Drayton, fundador da Ashoka, a maior associação de empreendedores sociais do mundo, foi hoje distinguido com o Prémio Príncipe de Astúrias de Cooperação Internacional. O ex-Presidente português Jorge Sampaio era um dos finalistas.
"Reunido em Oviedo, o júri do Prémio Príncipe de Astúrias da Cooperação Internacional 2011, decidiu conceder o Prémio Príncipe de Astúrias da Cooperação Internacional 2011 a Bill Drayton, fundador da organização Ashoka em 1981, pelo seu papel fundamental no desenvolvimento do empreendedorismo social como motor para a transformação social e económica dos países", indica a Fundação Príncipe de Astúrias em comunicado.
"Bill Drayton apoia fundamentalmente as pessoas, tendo adoptado o termo empreendedor social para descrever aqueles que combinam os métodos pragmáticos e focados nos resultados de um empresário com os objectivos de um reformador social", indicou ainda a Fundação.
Este nova-iorquino de 68 anos, que estudou em Oxford e Yale e que trabalhou dez anos na consultora McKinsey, esteve envolvido grande parte da sua vida no movimento dos direitos civis.
Fortemente influenciado pelos pensamentos de Martin Luther King e Gandhi, bem como pela figura de Ashoka - imperador indiano do século III antes de Cristo - Drayton colocou em funcionamento uma rede de apoio a empreendedores sociais viajando por diversas cidades da Índia e da Indonésia em meados da década de 80.
Em 1981 decidiu criar a Ashoka: Innovators for the Public, a sua maior empresa, sem fins lucrativos, com o objectivo de adaptar o modelo do capital de risco ao sector dos projectos de cariz social. De acordo com o jornal ABC, esta organização selecciona cerca de 200 empreendedores a cada ano, oriundos de mais de 70 países diferentes, e financia o trabalho destes com um salário mensal durante três anos.
"A Ashoka baseia-se na ideia de que é preciso, para enfrentar os desafios da sociedade, que cada pessoa possa ser protagonista da mudança, em qualquer âmbito, quer seja global ou local", indica a Fundação Príncipe de Astúrias em comunicado.
Durante os últimos 30 anos de actividade, a Ashoka já apoiou mais de 3000 empreendedores cujas ideias foram copiadas e desenvolvidas por outras organizações, ajudando a modificar, em muitos casos, algumas políticas nacionais.
Entre estas destacam-se, por exemplo, o projecto de Fábio Rosa, que levou a electricidade a mais de um milhão de habitantes em zonas rurais do Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai e o projecto da enfermeira sul-africana Verónica Khosa, que conseguiu através da Ashoka o financiamento necessário para que o Governo passasse a prestar ajuda domiciliária a doentes com sida.
"A Ashoka conta com um rigoroso processo de selecção para escolher estes empreendedores sociais através da análise exaustiva dos seus projectos de inovação e mudança, do seu potencial impacto na sociedade e da sua motivação e natureza ética", indicou ainda a Fundação em comunicado.
Além de ser presidente e máximo executivo da Ashoka, Bill Drayton preside a outras iniciativas sociais como a Youth Venture, a Community Greens e a Get America Working.
Bill Drayton recebeu o título de doutor honoris causa pela Universidade de Yale; é membro da Academia Americana das Artes e das Ciências e da Academia Nacional da Administração Pública dos Estados Unidos, entre outras; e foi distinguido com vários prémios, tais como o National Public Service Award (1995), o Skoll Award for Social Entrepreneurship (E.U.A., 2005), o Yale Law School Award of Merit (2005), o Peace Award concedido pela Goi Peace Foundation (Japão, 2007), o Universal Peace Award da Associação Mundial de Organizações Não-Governamentais (2009) e o Essl Social Prize (Áustria, 2010).
O prémio da Cooperação é um dos oito galardões anuais concedidos pela Fundação Príncipe das Astúrias.
Este reconhecimento premeia o trabalho que indivíduos ou instituições tenham feito ao longo da sua vida em prol da cooperação internacional.
A candidatura de Bill Drayton e da Ashoka tinha sido apresentada por Diego Hidalgo Schnur, presidente da Fundação para as Relações Internacionais e o Diálogo Externo (FRIDE), e apoiada por Federico Mayor Zaragoza, presidente da Fundação Cultura de Paz.