8.6.11

Moda de não vacinar traz de volta à Europa doenças quase erradicadas

in Jornal de Notícias

São vários os países europeus onde a moda de não vacinar os filhos está a fazer voltar doenças quase erradicadas, como o sarampo. Portugal ainda é excepção, numa Europa que retrocede anos na luta contra doenças infecciosas: tem boa taxa de cobertura de vacinação, sem casos registados.

Um alerta emitido pelo Centro Europeu para a Prevenção e Controlo de Doenças revela que o declínio da vacinação, causado por grupos de pessoas anti-vacinas, está na origem do aumento da incidência de antigas doenças infecciosas.

Doenças como o sarampo e a rubéola, que estavam quase erradicadas, estão agora a voltar em novos surtos.

Em Espanha, onde em 2004 se registaram apenas dois casos de sarampo, já há registo de 1300 pessoas infectadas, cinco vezes mais do que em 2010, revela o diário “El País”.

Em França, morreram seis pessoas em consequência da mesma doença e mais de 300 sofreram pneumonias graves, entre as mais de cinco mil infectadas.

Mas esta é uma situação que se estende a muitos outros países da Europa, onde a moda de não vacinar, normalmente por questões ideológicas, está a crescer, confirma Graça Freitas, subdirectora-geral de Saúde, sublinhando que em Portugal "as pessoas que exercem esse direito são muito poucas", pelo que há boas taxas de cobertura.

"Esse fenómeno de moda de não vacinar, em Portugal tem uma dimensão pequena, por isso não temos tido surtos", afirmou, adiantando que os únicos dois casos de que há registo no país dizem respeito a duas pessoas que vieram de fora, já infectadas.

Graça Freitas sublinha a importância de vacinar, não só pela imunidade do indivíduo, mas pela imunidade de grupo, que é o que permite que as doenças estejam controladas.

Lembrando que na historia da humanidade apenas uma doença foi totalmente erradicada porque o vírus desapareceu - a varíola em 1980 -, a responsável salienta que, para todas as outras doenças, os vírus e as bactérias existem e só não se transmitem porque a maioria da população está imunizada.

"Se num grupo de dez pessoas uma não estiver vacinada, essa vai beneficiar da imunização das outras", afirmou. Mas basta dois ou três anos com uma baixa cobertura de vacinação para elas reaparecerem, acrescentou.

Quanto à moda de não vacinar, Graça Freitas explica que as pessoas deixaram de ter medo das doenças porque elas desapareceram, mas frisa que é precisamente o comportamento de não vacinar, fruto dessa despreocupação, que pode fazê-las voltar, como aliás já está a acontecer na Europa.