in Jornal de Notícias
O antigo embaixador norte-americano em Portugal no pós-25 de Abril, Frank Carlucci, considerou hoje que a actual situação política e económica do país é um sinal de que a "democracia portuguesa está a envelhecer".
"A democracia portuguesa está a envelhecer. É verdade que o país está a atravessar um período económico extremamente difícil, situação que também está a acontecer nos Estados Unidos. Temos que encontrar uma forma para encontrar a prosperidade e estou confiante de que ambos vamos conseguir", disse à agência Lusa Frank Carlucci.
O antigo diplomata, que foi também director-adjunto da CIA no final dos anos 1970, afirmou que, se não saírem desta situação, "os problemas vão tomar conta" dos dois países, deixando-os "numa situação caótica".
"Portugal e os Estados Unidos têm que dar os passos certos para ultrapassar com os seus problemas económicos", adiantou.
Carlucci, de 80 anos, participou, quarta-feira, na inauguração das novas instalações da Carlucci American International School of Lisbon (CAISL), a escola internacional a que deu o nome, em Sintra.
Carlucci vai reunir-se quinta-feira com o antigo Presidente da República, Mário Soares, uma ocasião que descreveu como um "reencontro entre dois velhos amigos", que não terá qualquer agenda política.
Quanto às relações internacionais entre os Estados Unidos e as restantes potências mundiais, nomeadamente a China, Carlucci considerou que Washington e Pequim têm que trabalhar em conjunto para ultrapassar muita da instabilidade que existe no mundo actualmente.
"O mundo está sempre em mudança. É verdade que a China se está a desenvolver muito depressa e estão a ultrapassar os Estados Unidos em algumas áreas de desenvolvimento, mas temos uma relação amigável e podemos trabalhar em conjunto para resolver muitos problemas", disse.
"Há muita instabilidade no mundo, mas temos que continuar a tentar. Não há outra opção", adiantou o antigo diplomata.
No seu papel de embaixador dos Estados Unidos em Lisboa, entre 1974 e 1977, Frank Carlucci seguiu de perto o Verão Quente de 1975, e acompanhou o percurso de políticos como Mário Soares.