Por Pedro Crisóstomo, in Público on-line
O volume de negócios da indústria acelerou em Outubro, colocando o índice do Instituto Nacional de Estatística (INE) nos 2,5%, mas as vendas no mercado nacional registaram uma contracção de 4,3% face ao mesmo mês do ano passado. A subida foi conseguida graças às exportações.
Este comportamento foi determinado pelo desempenho das vendas no mercado externo, onde o volume de negócios associado à indústria portuguesa cresceu 14,1% em relação a Outubro de 2010. A variação homóloga de Setembro tinha sido de 12,7%, mostram dados hoje revelados pelo INE.
No volume industrial com destino ao mercado exterior observou-se um crescimento expressivo associado à energia. Se, em termos homólogos, em Setembro este agrupamento cresceu 36,9%, em Outubro registou uma subida de 95,2%. A forte subida foi determinante para a variação do índice relativo ao mercado externo, já que contribuiu com oito pontos percentuais para aquela subida de 14,1%.
Apesar de as exportações na indústria já terem superado os 23% em Fevereiro (em termos homólogos) e Abril e Maio terem sido meses com exportações no sector acima dos 16%, registou-se um recuo em Junho e Julho que foi sendo recuperado nos três últimos meses, ao mesmo tempo que o mercado nacional entrou em queda. Setembro e Outubro foram meses de descidas homólogas (-4% e -4,3%, respectivamente), tornando evidente esse movimento contrário entre os mercados interno e externo.
As vendas da indústria no mercado nacional reflectem, assim, a quebra de consumo privado e público a nível interno. Factores que afectam o clima de confiança do sector, que em Outubro acentuou a trajectória negativa iniciada um ano antes e já em Novembro atingiu o valor mais baixo desde Agosto de 2009, face à deterioração da economia portuguesa.
Quase todos os agrupamentos considerados no cálculo do índice registaram variações negativas comparando Outubro deste ano com o mesmo mês do ano passado: dos bens intermédios aos bens de consumo, passando pelos bens de investimento e as indústrias transformadoras. Apenas escapou a energia, que conseguiu um crescimento no volume de negócios de 3,6%.
Os bens de investimento foram os que registaram a maior quebra (-11%), mas foram as quedas de 7,9% nos bens intermédios e de 6,6% nos bens de consumo as que mais contribuíram para a variação do índice total do INE. Um desempenho que acompanha a quebra no consumo que Portugal vem a registar de mês para mês.
A descida no volume associado às indústrias transformadoras destinadas ao mercado nacional foi de 5,8%; para o exterior aumentaram 13,6%.