13.4.15

Atividade dos centros de emprego "disparou" em 2014

Nuno Guedes, in TSF

Duplicaram os estágios e os apoios à contratação. Contratos emprego-inserção, para desempregados em funções socialmente úteis, subiram 11%. Medidas de formação profissional abrangeram mais 69 mil pessoas. E aumentaram as colocações em empresas.

O Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) teve um aumento «exponencial» da sua atividade no último ano. O aumento de desempregados envolvidos em programas dos centros de emprego foi mesmo praticamente igual ao número que justificou a queda na taxa de desemprego durante 2014.

O relatório agora publicado com a execução física e financeira revela que a atividade do IEFP abrangeu mais 160 mil pessoas que em 2013 (+22,6%). Os estágios, por exemplo, abrangeram 70 mil pessoas em 2014, quase o dobro do que tinha acontecido em 2013 (36 mil). Os apoios à contratação tiveram uma evolução semelhante (24,5 mil para 56,8 mil). Os contratos emprego -inserção para desempregados e beneficiários do rendimento social de inserção, colocados num trabalho considerado socialmente necessário em troca de uma bolsa mensal de 84 euros, aumentaram 11%, abrangendo, em 2014, 75 mil pessoas.

Ao todo, as chamadas medidas de emprego (que incluem as três antes referidas) incluíram, no ano passado, mais 65 mil portugueses (+46%). Nas medidas de formação profissional o crescimento foi igualmente significativo, +15%, envolvendo 535 mil pessoas (mais 69 mil que em 2013).

O presidente do IEFP admite, à TSF, um aumento «exponencial» da atividade dos centros de emprego, sobretudo pela aposta nos estágios e na qualificação profissional. Citando os estudos que têm feito, Jorge Gaspar defende que o IEFP está a mudar a vida de muitos portugueses, mesmo daqueles que 'apenas' passam pela formação profissional.

Ao todo, 765 mil pessoas estiveram envolvidas no último ano em medidas ativas de emprego e formação (em 2013 tinham sido 626 mil). Em paralelo, também aumentou 25% os desempregados que o IEFP conseguiu colocar em empresas (103 mil em 2014).

Fazendo contas, em 2014 os programas de emprego e formação profissional do IEFP abrangeram mais 134 mil pessoas. O número oficial de desempregados, do INE, caiu e contaram-se menos 129 mil pessoas sem trabalho, enquanto a população empregada cresceu, mas não tanto: mais 70 mil portugueses a trabalhar.

A oposição tem acusado as ações de formação e estágios do IEFP de esconderem o desemprego real e diminuírem a taxa de desemprego. À TSF, o presidente deste instituto diz que a critica não faz sentido e é absurdo comparar os números dos centros de emprego com os da taxa de desemprego. Jorge Gaspar recorda que o objetivo do IEFP é mesmo diminuir o desemprego e, «naturalmente, ao reforçarmos as competências dos desempregados, influenciamos a criação de emprego porque os aproximamos do mercado de trabalho o que ajuda na criação de emprego que tem sido registada pelo INE». Contudo, o responsável garante que quem «cria emprego são as empresas».

Contactado pela TSF, o INE adianta, numa resposta escrita, alguns conceitos que ajudam a perceber uma parte do impacto da ação do IEFP sobre o desemprego oficial. Por exemplo, os estagiários remunerados não contam para a taxa de desemprego. O mesmo acontece com os envolvidos em contratos emprego - inserção. A situação não é tão clara nos inscritos em ações de formação que podem, conforme os casos, ser, ou não, considerados desempregados. Uma classificação que dependerá, por exemplo, da pessoa fazer ou não algo para encontrar um emprego.