16.10.15

Crise humanitária refletida nos refugiados faz temer "futuro de forte instabilidade" - EAPN

in Lusa

A Rede Europeia Anti-Pobreza Portugal alertou hoje para "a urgência de travar" o flagelo da pobreza a nível mundial e advertiu que a atual crise humanitária refletida na vaga de refugiados faz "temer um futuro de forte instabilidade".

O alerta da EAPN Portugal surge na véspera do Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, data aproveitada pela organização para reiterar que "é crucial" que Portugal defina uma estratégia nacional para erradicar a pobreza" e advertir que "o sonho de uma Europa social" se encontra "seriamente em risco".

"A crise humanitária que vivemos, na sequência de guerras e conflitos, tendo como consequência mais visível uma enorme vaga de refugiados, e a incerteza na tomada de decisão por parte dos líderes europeus face a este fenómeno, as consequentes manifestações xenófobas" um pouco por toda a Europa, "levam-nos a temer um futuro de forte instabilidade e desesperança", afirma a rede numa mensagem em que assinala a data.

Para a EAPN, a pobreza não é um problema de escassez de recursos: "se evitarmos a ganância e o desperdício e partilharmos o que temos de forma equitativa e sustentável, através de uma distribuição mais justa, é possível erradicar a pobreza".

"Não se trata de utopia, trata-se de encarar o problema de uma outra forma, focando a atenção na estabilidade económica e social ao nível global, numa lógica de desenvolvimento sustentável", sustentou, lembrando que este objetivo foi reafirmado pelas Nações Unidas.

Analisando a realidade portuguesa, a organização defende que é preciso olhar para além dos números. "Se olharmos apenas para os números (...) ficaremos assustados com as crianças que, em Portugal, se encontram em risco de pobreza e ou exclusão social" e com os níveis da emigração e do desemprego jovem.

"Estamos a falar das novas gerações, daquelas que irão escrever o futuro de Portugal" e que "não têm uma herança muito promissora", lamenta.

Volta-se a "temer o pior" quando se olha para o índice elevadíssimo de envelhecimento da população, para o desemprego de longa duração e para o número "surpreendentemente alto" de trabalhadores pobres.

Em Portugal, "a mão-de-obra é mal paga e o emprego precário predomina, levando ao aumento das desigualdades", principalmente nas mulheres.

A rede afirma que "este é o retrato breve do país real" e que exige uma resposta eficaz.

"Contamos com todos os portugueses e, especialmente, com aqueles que experienciam a pobreza todos os dias e que chamamos a nós para que se façam ouvir. Não para impressionar mas para despertar a consciência coletiva, particularmente a política que não pode, de forma nenhuma, alegar desconhecimento para a falta de ação", defende no comunicado o presidente da EAPN-Portugal, padre Jardim Moreira.

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Lusa/fim




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