Ana Paula Lima e Virgínia Alves, in Jornal de Notícias
As cidades de Lisboa e Porto estão entre os destinos nacionais mais procurados pelos turistas estrangeiros neste Verão. Uma das explicações é o reforço das pontes áreas providenciadas pelas companhias de aviação de baixo custo.
Os turistas estrangeiros que mais estão a visitar o nosso país são maioritariamente da França, Bélgica e Espanha, graças, sobretudo, às companhias de aviação low-cost. Em sentido descendente estão os turistas do Reino Unido, o principal mercado do Algarve, que parecem estar a optar por poupar nas férias.
Tanto no Porto como em Lisboa, os estrangeiros que vão chegando vêm sobretudo do Brasil. "Estamos a registar um aumento relativamente a 2009, tanto nos turistas nacionais como nos estrangeiros", refere Rita Almeida, do Turismo de Lisboa, acrescentando que o maior aumento de entradas e alojamentos é de turistas "com origem no Brasil", que, de Janeiro a Abril, aumentaram 39,6% em termos de hóspedes registados e 45,9% nas dormidas, face a 2009. Rita Almeida acredita que desde Abril, apesar de não haver dados oficiais, a tendência tem sido de subida nas visitas de turistas estrangeiros à capital.
No Porto, o decréscimo dos turistas ingleses é compensado "pelos turistas que chegam à cidade pelas rotas de low-cost existentes, ou seja, os belgas, os franceses e os espanhóis", sublinha Melchior Moreia, presidente do Turismo do Porto e Norte de Portugal.
Na região Norte, e onde se prevê um aumento de 6% na procura, a diversificação de ofertas é o trunfo. "Notamos um crescente interesse pelo que é o turismo cultural e paisagístico. Basta lembrar que a região Norte é a única no Mundo com quatro patrimónios da humanidade, e a procura reflecte isso mesmo", disse Melchior Moreira.
A provar estão Mercedez Pastor e Miguel Moya, de Madrid, Espanha, que esperavam visitar Portugal durante uma semana. Depois da capital rumaram ao Porto e confessaram que gostaram "mais de Lisboa".
A Sul, no Algarve, os turistas ingleses também são substituídos por outras origens, mas não em número suficiente para se falar de aumento no número de turistas estrangeiros.
"Há descidas nas taxas de ocupação e acredito que vamos registar uma nova quebra relativamente ao ano anterior em resultado da crise que afastou os turistas do Reino Unido, o nosso principal mercado emissor de turistas", salienta Elidérico Viegas, presidente da Associação de Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve" (AHETA). Na hotelaria algarvia, Elidérico Viegas estima que a quebra dos turistas estrangeiros ronde os 10% no Verão.
Também a Associação Portuguesa Agências de Viagens e Turismo (APAVT) aponta para um aumento da procura por parte dos estrangeiros em destinos servidos por companhias aéreas low-cost, mas adianta que destinos "resort", como Algarve e Madeira, "estarão a registar no Verão grandes quebras face a 2009 ou ocupações idênticas ao ano passado", refere o vice-presidente da APAVT, Duarte Correia.
Já Nuno Aires, da região de Turismo do Algarve, defende que os destinos tradicionais "continuam a ser procurados, mas verifica-se um aumento no Sotavento algarvio e na Costa Vicentina, em Sagres, cujas novas ofertas estão a atrair muitas pessoas".
A ideia, frisou, "é oferecer não apenas Sol, mar e golfe, mas também o turismo de saúde, sénior, de natureza, ou seja, diversificar".
Apesar da subida do número de turistas estrangeiros que entram através de companhias low-cost no Aeroporto de Faro, Duarte Correia, da APAVT, lembra que muitos desses turistas podem não ficar na região. "Não há uma monitorização do destino desses turistas. Não se sabe se vão para a hotelaria ou até mesmo se ficam no país", explica.
Já nos casos de Lisboa e Porto, o vice-presidente da APAVT acredita "que a procura por parte de estrangeiros está a crescer, porque são visitas de dois ou três dias".