por Carla Aguiar, in Diário de Notícias
Desemprego manteve-se em Dezembro nos 10,9%, num sinal de estabilidade, mas com uma subida de 0,6% em relação ao mesmo período do ano passado. Portugal já é o quinto país com a maior taxa da UE.
Por dia, cerca de 263 portugueses caíram no desemprego entre Dezembro de 2009 e igual período do ano passado. No final do ano que terminou, estavam nessa situação cerca de 600 mil desempregados, mais 46 mil do que no período homólogo.
Os dados de Dezembro último, medidos pelo Eurostat, revelam, no entanto, alguns sinais de estabilidade. Apesar de a taxa de desemprego ter aumentado 0,6% face ao mesmo mês do ano passado, manteve-se inalterada nos 10,9% em relação a Novembro último, revelou ontem o organismo de estatística da Comissão Europeia.
Mesmo assim, a taxa de desemprego portuguesa situa-se, nesta matéria, 1,3 pontos acima da média europeia, ocupando a quinta posição mais elevada dos países da UE com informação disponível, ou a nona segundo a versão do Governo.
É que apesar de, tanto no conjunto da UE como na Zona Euro, o desemprego ter crescido, as variações homólogas foram bem menores que a portuguesa, da ordem de uma décima apenas.
Os últimos dados levaram ontem o secretário de Estado do Emprego a congratular-se com a não confirmação de algumas estimativas de organizações internacionais que apontavam para uma taxa de desemprego anual superior a 11%.
Para Valter Lemos, a tendência em matéria de desemprego é de "estabilidade", sendo que o ano de 2010 foi "bastante melhor" do que as previsões da "esmagadora maioria" dos comentadores e das organizações internacionais. O Eurostat reviu ainda em baixa a estimativa para Novembro em uma décima, lembrou o governante.
"É verdade que temos crescimento homólogo de Dezembro de 2009 para Dezembro de 2010, mas este é bastante inferior ao que foi propalado pelos comentadores", ressalvou Valter Lemos. Injectando confiança, o secretário de Estado considerou ainda que se "se mantiver a economia nos mesmos padrões, esperamos uma estabilização e, portanto, aquela que foi a tendência de 2010, ou seja, a de não crescimento da taxa de desemprego".
A previsão oficial do Governo para o total do ano era de 10,6%, mas Valter Lemos já admitiu que poderá ser ultrapassada em uma décima, ficando assim em torno dos 10,7%. Algo que só será conhecido quando o Instituto Nacional de Estatística revelar a taxa anual de 2010.
O secretário de Estado lembrou ainda que o número de inscritos nos centros de emprego baixou nos últimos três meses - Outubro, Novembro e Dezembro - e mostrou-se expectante quanto aos dados que o INE vai revelar para o quarto trimestre.
Positiva começa, no entanto, a ser a variação do desemprego nos jovens com menos de 25 anos, que caiu três décimas em Dezembro face a Novembro, para os 21,7%. Mesmo assim, a taxa de desemprego dos jovens portugueses ainda é superior à média de 21% no total da União Europeia ou de 20% na Zona Euro.
Mas nesta matéria a situação portuguesa é claramente mais favorável do que a de Espanha, que se situou em 42,8%.
A estabilidade face ao mês anterior foi igualmente sentida na distribuição do desemprego por géneros, com os homens portugueses a registarem uma taxa de 9,7% e as mulheres, uma proporção bem maior, de 12,3%.