3.2.11

Cerca de 125 restaurantes fecham por mês

Ana Paula Lima, in Jornal de Notícias

A crise potenciou o fecho mensal de uma média de 125 estabelecimentos de hotelaria e restauração no ano passado. Uma das associações que representa o sector estima que 2010 terminou com menos 1500 estabelecimentos, sobretudo restaurantes.

Segundo a Associação da Hotelaria Restauração e Similares de Portugal (AHRESP), no ano passado, fecharam as portas cerca de 1500 estabelecimentos de hotelaria e restauração, sendo o sub-sector mais afectado "o da restauração tradicional que serve refeições", refere o secretário-geral da AHRESP, José Manuel Esteves.

A crise acelerou estes encerramentos, mas os dados da Coface sobre a constituição de empresas mostram que, no ano passado, abriram 2605 estabelecimentos de restauração e similares. Uma realidade que se explica, segundo o secretário-geral da AHRESP, pelo aumento do desemprego.

A volatilidade de aberturas no sector da restauração deve-se ao facto de, em situação de desemprego, muitas pessoas verem na constituição de um restaurante a hipótese de subsistência, aponta José Manuel Esteves. O secretário-geral da Associação, acrescenta que o número excessivo de aberturas também contribui, em parte, para os encerramentos. "O excesso de oferta no nosso sector é o triplo da média europeia e retira competitividade, fragilizando as empresas que normalmente são pequenos núcleos familiares que não estão a resistir à situação actual".

Sustentando que os números de encerramentos estimados pela AHRESP são "exagerados", o presidente da Associação Portuguesa de Hotelaria, Restauração e Turismo (APHORT), Rodrigo Pinto Barros, acredita que o que se vive na actualidade é "um ajustamento do sector provocado pela recessão económica".

"Muitos restaurantes que já atravessavam dificuldades, com o agravamento da economia, optam por fechar. São situações que já se arrastavam". Rodrigo Pinto Barros adianta, ainda, que os fechos estão a acontecer sobretudo "nos restaurantes de classe baixa e média", onde a oferta é excessiva, "porque muitas pessoas são despedidas e pensam que é fácil manter um restaurante aberto", defende o presidente da APHORT.

A região interior do país, sobretudo as zonas próximas da fronteira com Espanha, e as zonas mais sazonais, como o Algarve, estão entre as que registam mais fechos de restaurantes, segundo José Manuel Esteves. "Os encerramentos afectam sobretudo as zonas de raia, a 100 quilómetros de Espanha, porque o nosso IVA é 5% mais alto, e também as zonas como o Algarve que vivem da sazonalidade e onde as dificuldades na hotelaria têm prejudicado a actividade dos restaurantes", refere o secretário-geral da AHRESP.

A crise é um dos factores que justifica o desaparecimento de restaurantes, mas há outras dificuldades acrescidas. "O licenciamento zero que a legislação prevê gera uma elevada rotatividade de aberturas indiscriminadas mas depois as pessoas não conseguem suportar custos de contexto, como as taxas municipais, os impostos, as exigências da ASAE e de saúde, entre outros", adianta José Manuel Esteves, acrescentando que este ano a situação deverá "piorar" com o aumento da inflação e dos custos de contexto.