25.3.11
EAPN Portugal promoveu balanço e perspetiva futuro
in Rede Informa
18 projetos nacionais de combate à pobreza e à exclusão social foram mote de um seminário
Fazer o balanço e perspetivar linhas de ação para o futuro foi o objetivo do seminário que abordou o legado do Ano Europeu de Combate à Pobreza e à Exclusão Social (AECPES), assinalado o ano passado. Na sequência do Programa Nacional do Ano Europeu de Combate à Pobreza e Exclusão Social, a EAPN Portugal pôs em marcha 18 projectos operacionalizados em diferentes regiões do país. Os projectos desenvolvidos tiveram uma forte componente de trabalho em rede, que resultou de várias parcerias estabelecidas, sobretudo em articulação com as redes sociais locais. Destacamos ainda a componente de inovação na sensibilização para as questões da pobreza e exclusão social, recorrendo a actividades em colaboração com o teatro do oprimido, com a comunidade educativa, concursos e exposições fotográficas, documentários, ciclos de cinema, etc. E por último, mas não menos importante a implicação e participação directa nos projectos de pessoas em situação de pobreza e exclusão social.
A EAPN Portugal, enquanto promotora desta iniciativa, convidou não só os técnicos da organização como, também, especialistas externos para uma reflexão conjunta. O encontro realizado a 27 de Janeiro, no auditório da Universidade Católica Portuguesa contou com três Mesas-Redondas onde foram apresentados e debatidos os dezoito projetos. Comentadores externos à nossa organização procederam à orientação dos três polos temáticos que estruturaram o encontro. Paralelamente, decorreu uma exposição com os materiais de divulgação usados na cerimónia oficial de encerramento do AECPES, no dia 10 de Dezembro de 2010.
“A importância do trabalho em rede na luta contra a pobreza” foi o tema da primeira Mesa-Redonda, comentada por Fernanda Rodrigues, coordenadora do Plano Nacional para a Inclusão. Nesta mesa foram apresentados os projetos de vários pontos do país: Luta contra a pobreza: um novo projeto de cidadania (Douro); Olha para a pobreza com olhos de ver (Dão Lafões); Nós – Baixo Mondego 2010 (Baixo Mondego); Sensibilizar, Informar e Mobilizar (Alto Trás-os-Montes); Reinventarte (Grande Porto) e Trabalhar em rede pela inclusão social (Alto Alentejo).
Sobre a sensibilização como “umbrella” do Ano Europeu, Fernanda Rodrigues referiu que os projectos permitiram dar o passo para outros patamares, fosse pelo poder de atrair parceiros, fosse pela possibilidade de diversificar intervenientes, fosse ainda pela qualificação dos agentes. Sobre a finalidade dos instrumentos (trabalho em rede, participação dos públicos desfavorecidos), a comentadora defendeu-os como meios que exigem a avaliação da qualidade da intervenção. Entre produtos e legado, Fernanda Rodrigues preferiu falar conceptualmente do último, pois LEGADO é o que podemos usar com novas formas, na óptica de que só tem valor o que se herda, se se puder usar com novas formas e novos sentidos mesmo que não sejam o inicialmente definido.
Por sua vez, António Cardoso Ferreira, médico de saúde pública, ligado ao desenvolvimento local, comentou a Mesa intitulada ”A participação dos públicos desfavorecidos”. Nesta perspetiva foram abordados mais seis projetos nacionais: Novas Rotas no combate à pobreza e à exclusão social (Tâmega); Connosco – Uma comunidade em rede no combate à pobreza (Beira Interior Norte); Entrelaçar… Olhares, vontades e ideias por uma inclusão social (Península de Setúbal); Ave mais solidário (Vale do Ave); 10Contruir (Cávado) e Mobiliza-te contra a pobreza e a exclusão social (Pinhal Litoral).
António Cardoso defendeu a necessidade de encontrar alternativas nas próprias aprendizagens das pessoas que estão há muito tempo no trabalho social. Retomando a Paulo Freire, António Carlos Ferreira defendeu a conceptualização, não de público-alvo, mas de público-sujeito no sentido dos destinatários se sentirem envolvidos conjuntamente, no sentido da construção de uma democracia participativa, porque partilhada.
Finalmente, na 3ª Mesa subordinada ao tema “O legado do AECPES: pistas de ação futura, foram abordados os projectos: Pela inclusão social na Grande Lisboa: sensibilização, mobilização e debate (Lisboa); Localizar o social e socializar o local (Baixo Alentejo); Uma fatia de bolo, Assinatura da declaração contra a desigualdade e a pobreza (Minho – Lima); A favor da inclusão social (oeste); Redes para a inclusão (Baixo Vouga) e (RE)VER a pobreza (Lezíria do Tejo).
Olhando para trás, consideramos que alguns dos nossos objectivos para 2010 foram plenamente atingidos e que, devemos isso à generosa participação dos nossos parceiros. Estamos muito contentes com os resultados alcançados em todos os projectos e temos muitas expectativas em relação ao trabalho futuro, porque a luta contra a pobreza, como já foi dito, não tem prazo de validade.
Sandra Araújo
Directora Executiva
REAPN Portugal / Rede Europeia Anti-Pobreza