in Jornal de Notícias
A chanceler alemã disse, esta quarta-feira, que as reformas portuguesas para combater o défice precisam de continuar. Ainda assim, Angela Merkel considera que as medidas já tomadas são "corajosas".
Numa conferência de Imprensa com o primeiro-ministro português, após uma reunião de trabalho, Merkel disse ter "fé que Portugal vai dar os passos certos" e que pode resolver sozinho os problemas económicos do país.
A chanceler alemã afirmou que "Portugal e Espanha implementaram reformas consideráveis" e que estas são "as medidas certas". Voltando-se para Sócrates, Angela Merkel afirmou: "Obrigado pelos vossos passos corajosos para reduzir o défice. Muitas reformas estruturais foram introduzidas e dependem agora da implementação".
Merkel esclareceu ainda que não há necessidade de reformas adicionais mas acrescentou: "as reformas devem ir mais além" ("The reforms must go further", na tradução divulgada pela Agência Reuters).
Por seu lado, o primeiro-ministro, José Sócrates, salientou o resultado "histórico" das contas públicas em Janeiro e Fevereiro e garantiu que Portugal "tem condições para resolver os seus problemas sozinho".
Sócrates disse ter a certeza que "as instituições europeias farão o que devem" e mostrou-se certo de que haverá um "pacto para a competitividade que melhorará e aprofundará o projecto europeu e conduzirá a uma maior convergência na Europa".
O primeiro-ministro rejeitou ainda a ideia de subserviência na visita à chanceler alemã, Angela Merkel, considerando que "Portugal tem oito séculos de história e não é subserviente com ninguém, a não ser com o seu povo".
"Todos os meus colegas são por mim tratados por igual, e é essa a forma que me habituei a trabalhar na Europa e na construção europeia", acrescentou o chefe do Governo português.
Taxas de juros expressam confiança dos mercados
Durante a conferência de Imprensa, a chanceler alemã afirmou que as taxas de juro "expressam a confiança dos mercados nos países" e acrescentou que "quando houver mais confiança em Portugal, certamente que irão descer".
Merkel escusou-se a intervir para baixar as taxas de juro que Portugal tem pago no acesso ao financiamento internacional, argumentando que "quando houver mais confiança em Portugal, certamente irão descer, mas isso não se pode fazer de forma artificial".
Nas respostas aos jornalistas, em Berlim, Merkel disse que Portugal "está no muito bom caminho" e acrescentou que "as reformas adoptadas tiveram amplo apoio e confiança" da Alemanha.
Por outro lado, a responsável alemã escusou-se a responder à questão sobre se uma flexibilização das regras do fundo de resgate europeu pode passar pela descida das taxas de juro cobradas aos países que a ele acedem, afirmando que "tem de ser analisado o facto de Portugal, para ajudar a Irlanda, ter de refinanciar-se a juros mais altos que aqueles que a Irlanda paga ao fundo".
Por outro lado, os dois responsáveis concordaram em cooperar para encetar alterações ao Pacto de Estabilidade e Crescimento, em Março, e as medidas a aprovar no âmbito do Pacto para a Competitividade sejam tomadas ainda este mês, e que seja uma resposta forte da Europa à crise, ou seja, "que a Europa saia mais forte da crise".
De resto, a chanceler reforçou que "nunca disse que Portugal devia pedir ajuda financeira".