in Diário de Notícias
A recuperação e as ameaças da economia mundial, em particular o impacto do sismo no Japão, e as revoltas no mundo árabe irão dominar a cimeira do G8 agendada para Deauville, norte de França, na quinta e sexta-feira.
O almoço de trabalho que irá marcar o arranque do encontro das maiores potências mundiais será iniciado com uma intervenção do primeiro-ministro japonês, Naoto Kan.
Durante a intervenção, Kan deverá tentar convencer os parceiros de que o Japão vai conseguir ultrapassar o pior acidente nuclear dos últimos 25 anos e apresentar um quadro da actual situação na central de Fukushima Daiichi, danificada por um violento sismo e um tsunami a 11 de Março, que causaram perto de 25.000 mortos e desaparecidos no nordeste do Japão.
No panorama económico mundial, apesar dos sinais de recuperação, os indicadores económicos mundiais, nomeadamente entre os parceiros do G8 (Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão, Reino Unido e Rússia), revelam ainda alguma fragilidade.
A subida do preço do barril de crude nos últimos meses também está a gerar sérias preocupações. Durante os últimos dois meses, a Agência Internacional de Energia tem vindo a advertir que os preços praticados estão a afectar o crescimento económico, tendo apelado na semana passada aos países produtores para colocarem mais petróleo no mercado.
Os níveis de endividamento dos países ricos e a crise na zona euro com os planos de resgate da Grécia, Irlanda e Portugal e o possível contágio a outras economias, como por exemplo Espanha, serão outros dos pontos de análise no encontro.
Os países do G8 representam quase dois terços da riqueza mundial e mais de metade do comércio internacional.
As revoltas populares no mundo árabe e muçulmano e o seu impacto económico também constam da agenda da cimeira.
No primeiro dia de trabalhos, os líderes do G8 tem agendado um jantar que será dedicado aos movimentos de contestação na Tunísia, Egipto, Líbia, Síria e Iémen.
Neste capítulo, a presidência francesa do G8 irá propor um mecanismo de apoio e consolidação da transição democrática nestes países, seja a nível institucional ou económico, através de entidades como o Banco Europeu para a Reconstrução e Desenvolvimento (BERD).
Os chefes de Estado e de Governo do G8, responsáveis da ONU e de organismos financeiros internacionais irão receber na sexta-feira os primeiros-ministros do Egipto e da Tunísia.
No final deste encontro, está prevista a divulgação de uma declaração para formalizar um possível compromisso.
Por último, será realizado um encontro entre os líderes do G8 e da Nova Parceria para o Desenvolvimento de África (NEPAD), que integra a Argélia, Egipto, Etiópia, Nigéria, Senegal e África do Sul.
Os Presidentes da Costa do Marfim, do Níger e da Guiné-Conacri, recentemente eleitos, serão os convidados especiais deste encontro.
Uma das presenças confirmadas na cimeira é a do presidente norte-americano Barack Obama, que iniciou na segunda-feira um périplo pela Europa. Depois da Irlanda, Obama visita o Reino Unido, seguindo depois para França e Polónia.