in Diário de Notícias
Algumas dezenas de trabalhadores do grupo CRH, que trabalham no call center da PT de Coimbra, foram coagidos a despedir-se, disse à agência Lusa fonte sindical, embora a empresa assegure que os pedidos de rescisão foram apresentados livremente.
"Temos vindo a acompanhar o processo de insolvência da CRH e tivemos conhecimento de que a empresa está a pressionar os trabalhadores para que se despeçam ameaçando-os com processos disciplinares por algo de errado que alegadamente fizeram, o que é ilegal", afirmou António Caetano, vice-presidente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Telecomunicações e Audovisual (SINTTAV). De acordo com o sindicalista, o SINTTAV elaborou uma informação para distribuir aos trabalhadores para lhes servir de orientação caso sejam "convidados a despedir-se, abdicando dos seus direitos".
"Desde o início que temos aconselhado os trabalhadores a não se despedirem, que o sindicato dar-lhes-á o apoio jurídico necessário, mas muitos não resistem à pressão", disse António Caetano. A CRH declarou, por escrito, à agência Lusa que, desde Março, 39 trabalhadores, de um universo de 420, "apresentaram livremente e sem qualquer coação as suas cartas de rescisão". Dos 39 trabalhadores que se despediram, 12 fizeram-no, segundo a empresa, "por terem assumido que violaram gravemente os seus deveres laborais e de conduta profissional". Os restantes despediram-se alegando inadaptação às funções, incompatibilidade com os horários, motivos de saúde e terem tido melhores propostas de emprego, informou a CRH.
O SINTTAV (filiado na CGTP) vai aproveitar a reunião que tem marcada para a próxima semana com a empresa, com o objectivo de discutir a situação de insolvência, para levantar a questão das alegadas demissões por coação. Uma trabalhadora do call center de Coimbra, que pertence aos quadros da CRH, disse à agência Lusa que esta situação ocorre desde que a empresa entrou em processo de insolvência, em Novembro do ano passado, altura em que a CRH assumiu que não iria fazer qualquer despedimento. Segundo a mesma fonte, a Autoridade para as Condições do Trabalho foi chamada e visitou o call center algumas vezes mas sem nenhum efeito prático.