Por Lusa, Ana Rute Silva, in Público on-line
O norte-americano Nouriel Roubini diz que a estratégia da zona euro está condenada ao fracasso. Ministro das finanças alemão é contra a reestruturação da dívida da Grécia e pede mais criatividade para enfrentar a recessão.
Nouriel Roubini, um dos economistas que previu a crise financeira mundial, defendeu hoje que a estratégia da zona Euro está condenada ao fracasso e, por isso, a Grécia deve fazer uma “reestruturação ordenada” da sua dívida.
Numa entrevista ao jornal alemão Handelsblatt, o economista norte-americano diz que para sair da profunda crise em que se encontra, a Grécia deve prorrogar o prazo de amortização da dívida e tentar reduzir os juros das novas obrigações. Roubine, que é consultor e professor na Universidade de Nova Iorque, acredita que a reestruturação da dívida da Grécia reduz o risco de contágio a outros países europeus e atenua as perdas que as instituições financeiras poderão sofrer caso apenas uma parte das dívidas seja paga.
Na Europa dividem-se as opiniões sobre a melhor forma de lidar com a recessão na Grécia. Wolfgang Schäuble, ministro alemão das Finanças, manifestou-se contra uma eventual reestruturação da dívida da Grécia e pediu mais paciência e criatividade para enfrentar a crise. Numa entrevista também publicada no Handelsblatt, Wolfgang Schäuble afirma que “um cenário de reestruturação é considerado arriscado por muitos que percebem da matéria”.
“Poderia fazer com que vençam imediatamente todos os créditos concedidos, com as consequências derivadas para a capacidade de pagamento da Grécia”, sublinha, acrescentando que os impactos seriam mais catastróficos do que os da falência da Lehman Brothers.
“Para já, parece-me que os gregos precisam de mais tempo”, disse o ministro alemão. Schäuble acredita que uma das soluções é o estímulo ao investimento na Grécia, nomeadamente no sector das energias renováveis e defende que Bruxelas deve ser mais criativa para enfrentar a recessão económica e financeira.
O responsável do Tesouro alemão recusa o envolvimento da banca privada na solução do problema. “Todos temos interesse num sistema financeiro que funcione na perfeição”, disse, concluindo que “uma economia que não funcione na hora de conseguir dinheiro é semelhante a uma sociedade sem água ou electricidade”.
O governo grego, liderado pelo socialista George Papandreou, quer avançar com novas medidas de austeridade e privatizações para continuar a receber o empréstimo concedido pela troika - no valor global de 120 mil milhões de euros. Contudo, ainda não há consenso político sobre as reformas a aplicar as reformas, indispensáveis para que a Grécia consiga financiar-se.