in Destak/Lusa
Meia dúzia de idosos de Campolide com dificuldades em sair de casa afastam semanalmente a solidão quando recebem a visita de jovens universitários que lhes fazem companhia, ajudam-nos nas compras ou levam-nos a passear.
Estas visitas semanais são realizadas no âmbito do programa “Adote um Amigo”, da Junta de Freguesia de Campolide, uma das freguesias que tem mais idosos em Lisboa.
Apesar de recente, o programa está a ter respostas muito positivas.
“Há uma grande satisfação, tanto do lado dos idosos como dos voluntários. Estão a desenvolver-se laços de afeto muito interessantes”, disse à agência Lusa Paula Brito, responsável pelo programa.
A Junta de Freguesia tem várias iniciativas dirigidas para a população idosa, mas o nicho que vive sozinho e está “enclausurado” em casa “porque está mais envelhecido ou por motivos que se prendem com a mobilidade” tem sido alvo de “grande preocupação”, afirmou.
Nesse sentido, e através de um protocolo com a faculdade de Economia da Universidade Nova, foi concebido o “Adote um Amigo”, através do qual foi criada uma bolsa de voluntários - todos estudantes naquela escola - que desde março vão semanalmente fazer companhia a um idoso.
“Os jovens visitam-nos como se fossem um neto ou um sobrinho, fazem-lhes companhia, veem televisão, vão ao café, acompanham-nos a fazer alguma compra, ouvem-nos”, explicou Paula Brito.
“É um voluntariado diferente porque é como se estivessem a acompanhar um familiar, um amigo”, acrescentou.
O objetivo é mesmo esse, “colmatar as necessidades afetivas” dessas pessoas que “muitas vezes estão num isolamento afetivo muito grande”, afirmou.
A responsável sublinhou ainda que, para os jovens, “também é uma mais valia muito grande, porque vai-lhes desenvolver aspetos como compaixão, espírito de partilha, tolerância e compreender melhor a outra geração”.
Divulgado “boca a boca” e no contacto direto com os idosos, Paula Brito admitiu que o mais difícil é “convencer” os mais velhos a abrirem a porta a um estranho.
“Temos mais voluntários do que idosos. O trabalho de implementar este tipo de ajuda, às vezes, não é fácil. As pessoas são um bocadinho reativas”, afirmou.
Mas a responsável ressalvou que “não têm pressa de ver 20 idosos acompanhados de qualquer maneira”.
“Queremos que o projeto cresça com muito carinho e cada caso é como se fosse o único”, esclareceu Paula Brito, acrescentando: “Isto não é uma prestação de serviços, é uma partilha de afetos”.