23.5.11

Libertar a mudança

in Correio da Manhã

A questão a tratar nas eleições de 5 de Junho é a mudança. Temos de alterar o rumo que nos trouxe até à penosa situação em que nos encontramos; começar um caminho diferente.

É uma tarefa dura, mas não há outra forma de resolver a pesada herança que Sócrates arranjou aos portugueses. E nem vale a pena discutir como ele a amanhou. Essencial é não perder o sentido de mudança. É que, como sempre, há quem a queira sequestrar. Sócrates pinta as propostas de mudança, mesmo as que assinou com União Europeia e FMI, como cataclismos sociais, sem ver a devastação e a pobreza que provocou com os seus governos. Espalha o medo para se manter no poder. E fará tudo para desacreditar a mudança. Portugal necessita, porém, de mudar. Precisa de políticas e práticas diferentes, que só vencerão com mais compromisso, mais entendimento entre os partidos capazes de governar e transparência perante os cidadãos. As mudanças decisivas não se fazem por decreto-lei e exigem mais do que um governo maioritário. A mudança não é propriedade de facção. Basta ver como a dinâmica das preocupações ecológicas, politicamente poderosa na Alemanha e na França, falhou no nosso país porque o PCP a manipulou, meteu na sua organização e desacreditou. Não se pode deixar sequestrar a mudança de que Portugal precisa.