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O presidente do conselho de administração da Mota-Engil, António Mota, afirmou que “o setor da construção é o bombo da festa”, acusando os “analistas políticos” de atirarem “as culpas para o setor da construção e para as concessões”.
Ao intervir no ciclo de “Conferências do Palácio”, no Palácio da Bolsa, no Porto, António Mota afirmou que no atual momento, “de tantas análises políticas, quando os analistas políticos já não têm nenhum argumento do que se pode fazer, atiram as culpas para o setor da construção e para as concessões”.
Para o presidente da Mota-Engil, “o setor da construção é o bombo da festa. Quando começam a ficar à rasca lá vêm as concessões do setor da construção”, acrescentou.
“É um setor com boas e más empresas”, declarou, sublinhando que “é um setor necessário, porque qualquer negócio começa sempre pela construção nem que seja para pintar o escritório”.
Para o empresário, os ataques ao setor da construção resultam do facto de haver “falta de direção”, tratando-se de “um setor muito individualista, em que devia ter havido um movimento de concentração”.
Na intervenção no Palácio da Bolsa, António Mota considerou “fundamental” manter as linhas de crédito para Angola e Moçambique, mercados determinantes para o setor em que o grupo opera.
“É fundamental que as linhas de crédito da Cosec [principal companhia de seguros de crédito à exportação a operar em Portugal] não sejam reduzidas e não é pelo volume que essas linhas de crédito dão às empresas, mas pela estabilidade, porque recebe-se a 60 dias e com essa tesouraria pode-se assegurar prazos de pagamento mais dilatados”, declarou.
O empresário destacou que “será um erro para o setor da construção se na necessidade de reduzir deixar de haver apoio nessas linhas de crédito Estado a Estado onde o setor da construção está”, realçando que este é o único apoio de que o setor beneficia.
Neste contexto, António Mota defendeu o fim do “dilema das pequenas e grandes empresas”, advogando que “é preciso começar a falar de boas e más empresas e é preciso apoiar as boas sejam elas pequenas, médias ou grandes”.
O empresário considerou que não se pode apoiar apenas as empresas exportadoras de bens transacionáveis, considerando que com estas políticas se está a “ostracizar as ditas grandes empresas”.
António Mota desafiou a "fazer as contas” para “saber o que se está a apoiar”, porque "há empresas que exportam bem menos do que as grandes empresas e que deixam maior valor acrescentado no país".
“Se se somar o volume de negócios da Mota-Engil, com o da Teixeira Duarte e da Soares da Costa, somos o maior exportador, bem maior do que a Galp ou a Autoeuropa”, concluiu.