por Pedro Mesquita e Letícia Amorim, in RR
Relatos de violência doméstica diminuíram, diz Amnistia Internacional
Registadas mais de 31 mil participações de violência doméstica em 2010
Violência doméstica agrava-se
Desde Janeiro, morreram em Portugal, pelo menos, 15 vítimas de violência doméstica. Em 2010, a PSP deteve 82 agressores em mais de 18 mil ocorrências e o número de denúncias continua a aumentar.
Apesar de ser classificado como “crime público”, a violência doméstica é de difícil combate. Um velho aforismo popular ainda pontua: "Entre marido e mulher, ninguém mete a colher". E as forças policiais não podem fazer muito: “Se não testemunharmos a agressão, não podemos fazer nada. Só comunicamos”, revela à Renascença um agente. A não ser que a vítima esteja tão mal que tenha de ser conduzida ao hospital…
Mas também é frequente a vítima recuar e negar a acusação que ela própria tinha feito.
“Mesmo amando-o muito, aquilo não era para mim”, diz Miriam (nome fictício). “Insultava-me e depois agredia-me”, conta, adiantando que o medo a impediu de sair logo de casa. Um dia, foi surpreendida com uma bala.
A maioria das mulheres vítimas de violência doméstica pede ajuda muito tarde.
"Normalmente, quando pede ajuda, é porque a situação chegou a um fim de linha. Umas vezes, fazem a denúncia porque os filhos também começaram a ser agredidos ou, então, porque o grau de violência já é de tal forma severo que a vítima começa a achar que as ameaças de morte são reais", afirma à Renascença a assessora técnica de um gabinete de apoio à vítima Marlene Fonseca.
Mas nem só as mulheres são alvo de violência doméstica – 14% das vítimas são homens, que, quando procuram ajuda, fazem-no com muita vergonha. Segundo a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAVT), os casos prendem-se, sobretudo, com agressões emocionais.