Mariana Oliveira, in Público on-line
Migrantes oriundos da Eritreia, Sudão, Iraque, Síria e Tunísia, têm estado em centros de acolhimento da Grécia e de Itália.
O Conselho Português para os Refugiados é uma das instituições envolvidas no acolhimento deste grupo. Miguel Manso
O primeiro grupo de refugiados, composto por 24 pessoas, chega a Portugal na próxima quinta-feira, anunciou esta segunda-feira o Ministério da Administração Interna (MAI). Tanto o Conselho Português para os Refugiados como a Plataforma de Apoio aos Refugiados saúdam a chegada do primeiro grupo de migrantes, mantendo, no entanto, as críticas à lentidão da União Europeia na sua recolocação.
Em comunicado, o MAI adianta que os 24 refugiados são da Eritreia, Sudão, Iraque, Síria e Tunísia e fazem parte das cerca de 4500 pessoas que Portugal vai receber nos próximos dois anos ao abrigo do Programa de Relocalização de Refugiados na União Europeia.
Segundo o MAI, os refugiados vão ficar acolhidos nas cidades de Lisboa, Cacém, Torres Vedras, Marinha Grande, Penafiel e Vinhais. Os 24 refugiados vêm de avião via Roma e Atenas, não sendo ainda conhecida a hora de chegada. O comunicado do MAI segue-se a uma reunião, esta segunda-feira de manhã, do grupo de trabalho para a Agenda Europeia da Migração, criado em Setembro passado e coordenado pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras.
“Neste momento queremos saudar o início do acolhimento e da integração destes refugiados, que temos a consciência já tardar”, refere Rui Marques, da Plataforma de Apoio aos Refugiados (PAR), que recorda que os meios estão disponíveis desde o início de Outubro. Nesta primeira fase, a PAR ficará responsável pelo acolhimento de duas famílias, compostas por um total de sete pessoas. “Soubemos esta manhã da chegada das famílias e estamos a tratar de escolher o melhor sítio para ficarem”, especificou Rui Marques, que adianta que os refugiados terão as primeiras necessidades asseguras. “Todos terão direito a alojamento autónomo, alimentação e vestuário, apoio na procura de emprego, acesso ao Serviço Nacional de Saúde, apoio na aprendizagem do português e na educação das crianças”, enumera o membro da PAR.
Apesar de manifestar o contentamento com a chegada do primeiro grupo, Rui Marques diz que mantém as críticas à lentidão deste processo. “Exaspera-se com a lentidão da União Europeia na recolocação destas 160 mil pessoas”, lamenta.
A presidente do Conselho Português para os Refugiados, Teresa Tito de Morais, também regista com alegria a chegava destas 24 pessoas. A dirigente está convicta que os grupos vão passar a chegar a um ritmo mais acelerado a Portugal, apesar de sublinhar que o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras não avançou informações sobre outras chegadas. Teresa Tito de Morais lamenta a lentidão do processo, mas realça que a demora mostra que as pessoas que vêm “são muito escrutinadas”, não havendo, por isso, nada a temer com a chegada deste migrantes.
A ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa, explicou no início do mês que o atraso na distribuição dos refugiados pelos vários países da EU está associado ao processo de identificação (é obrigatória a recolha de impressões digitais, por exemplo) e escrutínio daqueles migrantes nos centros de acolhimento onde se encontram actualmente, na Grécia e em Itália. A governante adiantou que faltam recursos materiais e humanos para dar resposta ao elevado fluxo migratório registado.