Filipe D'Avillez, in "Rádio Renascença"
Francisco enviou mensagem ao Fórum de Davos, que começa esta quarta-feira, na Suíça.
O Papa Francisco pede aos líderes do mundo político e financeiro que não se esqueçam dos pobres, numa mensagem enviada ao Fórum de Davos, que começa esta quarta-feira, na Suíça.
Na sua mensagem, que foi lida em nome do Papa pelo cardeal Peter Turkson, Francisco deixa claro que a compaixão pelo sofrimento dos mais pobres passa também pela consciencialização das próprias responsabilidades que contribuíram para essa situação.
“Chorar à vista do drama dos outros não significa apenas compartilhar os seus sofrimentos, mas também e sobretudo dar-se conta de que as nossas acções são causa de injustiça e desigualdade. Por isso, 'abramos os nossos olhos para ver as misérias do mundo, as feridas de tantos irmãos e irmãs privados da própria dignidade e sintamo-nos desafiados a escutar o seu grito de ajuda. As nossas mãos apertem as suas mãos e estreitemo-los a nós para que sintam o calor da nossa presença, da amizade e da fraternidade. Que o seu grito se torne o nosso e, juntos, possamos romper a barreira de indiferença que frequentemente reina soberana para esconder a hipocrisia e o egoísmo’”, escreveu Francisco, citando a bula de proclamação do jubileu da Misericórdia.
“Quando nos damos conta disto, tornamo-nos mais plenamente humanos, uma vez que a responsabilidade pelos nossos irmãos e irmãs é uma parte essencial da nossa humanidade comum. Não tenhais medo de abrir a mente e o coração aos pobres. Desta forma, dareis livre curso aos vossos talentos económicos e técnicos e descobrireis a felicidade de uma vida plena, que o consumismo, de por si, não pode oferecer.”
Embora haja uma longa tradição de Papas a condenar a exploração económica e a pobreza, Francisco tem feito das críticas ao “capitalismo desregrado” uma das marcas do seu pontificado.
O encontro de Davos reúne a elite financeira e política do mundo, com o objectivo de discutir e procurar soluções para os problemas que afectam a humanidade. Vários activistas antiglobalização contestam a organização, porém, dizendo que os que lá se reúnem são precisamente os responsáveis pelos problemas que dizem querer resolver.
Este ano o tema do encontro é dedicado à “quarta revolução industrial”, nomeadamente o papel crescente da tecnologia na vida das pessoas e das empresas. Sobre o assunto, Francisco adverte para o perigo de se substituírem pessoas por “máquinas desalmadas”.
“Exorto-vos, pois, a retomar os vossos debates sobre como construir o futuro do planeta, ‘nossa casa comum’, e peço-vos para fazerdes um esforço conjunto para perseguir um desenvolvimento sustentável e integral”, lê-se ainda na mensagem de Francisco.