Ângela Roque, in "Rádio Renascença"
É um desafio para viver a Quaresma, que se aproxima: é preciso que os cristãos que combatam a indiferença e não ignorem quem sofre.
A mensagem para a Quaresma deste ano, divulgada esta terça-feira pelo Vaticano, é centrada na misericórdia e no serviço aos pobres. Francisco afirma que neste Ano Santo da Misericórdia que a Igreja está a assinalar é ainda mais obrigatório que a fé dos católicos se traduza “em actos concretos e quotidianos destinados a ajudar o próximo”.
“Será uma maneira de acordar a nossa consciência, muitas vezes adormecida, perante o drama da pobreza”, escreve o Papa, que alerta ainda para o “delírio de omnipotência” que tem levado o ser humano a ignorar quem sofre e a esquecer Deus.
Francisco lembra que a “cegueira” do poder e da riqueza pode assumir “formas sociais e políticas”, como mostraram os regimes totalitários do século XX, e como mostram hoje as “ideologias do pensamento único e da tecnociência, que pretendem tornar Deus irrelevante” na vida do homem.
Para o Papa foi essa “cegueira” que conduziu ao actual “modelo de falso desenvolvimento” fundado na “idolatria do dinheiro”, que torna as pessoas e as sociedades mais ricas “indiferentes ao destino dos pobres”, a quem fecham a porta e recusam ver.
Francisco espera, por isso, que a Quaresma deste Ano Jubilar seja “um tempo favorável para todos poderem, finalmente, sair da própria alienação existencial, graças à escuta da Palavra e às obras de misericórdia”. Segundo o Papa, apenas o amor de Deus pode dar resposta à “sede de felicidade e amor” de cada um.
A mensagem agora divulgada intitula-se "Prefiro a misericórdia ao sacrifício - as obras de misericórdia no caminho jubilar" e pretende ajudar os cristãos a viverem melhor a Quaresma que se aproxima. Trata-se do período de 40 dias que antecede a Páscoa, a principal celebração do cristianismo, e que este ano terá início a 10 de Fevereiro.