João Pedro Campos, in "Jornal de Notícias"
A adaptação dos 20 refugiados instalados em Penela desde 7 de novembro está a surpreender os responsáveis da Fundação Assistência, Desenvolvimento e Formação Profissional, de Miranda do Corvo, responsável pelo acolhimento. Aprender a língua e arranjar trabalho em Portugal são os próximos passos.
"Tínhamos um modelo definido e, ao fim de dois meses, já passámos metade das etapas. Estava previsto estarmos nesta fase aos quatro ou cinco meses", conta a diretora do Centro de Integração de Refugiados da ADFP, Nataliya Bekh, acrescentando que uma família já foi sozinha a Lisboa e alguns dos elementos vão regularmente a Coimbra, à sexta-feira, para ir à mesquita. "Ainda os acompanhamos para fazer compras e ir a consultas médicas". A perspetiva da associação é a de que as quatro famílias sejam autossuficientes ao fim de dez meses em Portugal.
Segundo Nataliya Bekh, a associação, em conjunto com o Ministério da Educação, está a tentar reconhecer as habilitações dos refugiados, entre o 12.º ano e o Ensino Superior. "É um processo moroso porque não há protocolos com o Sudão nem a Síria. O Ministério da Educação está a fazer as tabelas através de contactos com as embaixadas", explica, lembrando que um dos elementos já tem o diploma reconhecido no Egito, onde esteve antes de chegar a Penela.
Prioridade à língua
"Eu sou estudante", diz, num Português já bem percetível, Sameer Ghalyoun, falando da sua ocupação atual. A viver há dois meses em Penela com a mulher e os filhos, o sírio tem como prioridade aprender a língua e está a ter aulas na Universidade de Coimbra três vezes por semana.
"No Egito, consegui arranjar trabalho. Aqui estou a conseguir integrar-me e o primeiro objetivo é aprender Português", aponta Sameer. Na Síria era gestor de Recursos Humanos e em Portugal espera conseguir trabalho na mesma área.
O grupo esteve domingo de visita ao Parque Biológico de Miranda do Corvo, onde contactou com as espécies animais existentes. Os ursos foram o que lhes chamaram mais a atenção, sobretudo às crianças, que saíram do parque a dizer "urso" num Português perfeito. Hoje à tarde visitam a Escola de Penela, onde estarão em contacto com a comunidade estudantil.