Francisco Sarsfield Cabral, in RR
Não é aceitável o número de desempregados em Portugal sem protecção.
Fala-se muito pouco, em Portugal, dos desempregados que não recebem qualquer subsídio – porque não estão inscritos nos centros de emprego (haverá 163 mil pessoas nessa situação), porque já ultrapassaram o número de meses durante os quais têm acesso ao subsídio (período encurtado pela “troika” em 2012 e entretanto inalterado) ou por qualquer outro motivo.
O diário “Negócios” chamou a atenção na passada quarta-feira para o facto de o número de desempregados sem protecção estar a baixar muito mais lentamente do que o desemprego – que caiu para 8,8% da população activa no segundo trimestre desde ano.
Segundo o INE, 74% dos desempregados não recebem qualquer subsídio – cerca de 390 mil pessoas.
“Seria preciso recuar ao final dos anos 90 e ao início do milénio para encontrar níveis de desprotecção desta ordem”, escreveu Manuel Esteves no “Negócios”.
Lê-se no artigo citado que a secretária de Estado da Segurança Social afirmou ser intenção do Governo levar as regras do subsídio de desemprego à concertação social até ao final do ano.
Esperemos que tal intenção se concretize, até porque a única medida tomada pelo actual Governo, apoiado pelo PCP e pelo Bloco, para atenuar aquela desprotecção foi um subsídio social, lançado em 2016 para famílias especialmente pobres.
Estimava-se que a medida pudesse atingir cerca de 40 mil pessoas, mas até ao final de Junho do corrente ano tinha beneficiado apenas 3,2 mil.