Joana Almeida, in Económico
Foi pelo contacto com milhares de emigrantes que Alexander Betts percebeu como as comunidades de refugiados são menosprezadas. O economista defende que os esforço a serem feitos sobre este problema devem ser sobretudo ao nível das empresas.
“Os refugiados fazem grandes funcionários”. O economista britânico Alexander Betts cita as declarações do deputado do partido trabalhista britânico, David Miliband, para defender uma ideia que tem vindo a perseguir durante toda a sua vida: é preciso criar uma política mais ativa para possibilitar a sua integração na comunidade que as recebe. E a solução, defende, pode passar pela criação de vagas de emprego para assegurar a integração económica dos emigrantes.
Foi durante umas férias em que esteve a fazer voluntariado num centro de acolhimento para refugiados na Holanda que a vida de Alexander Betts mudou. A finalizar do primeiro ano na Universidade Durham da Inglaterra em Economia, foi pelo contacto com milhares de emigrantes, a ouvir as suas histórias e a perceber os seus medos e frustrações que Alexander Betts percebeu como as comunidades de refugiados são menosprezadas.
“O que imediatamente me impressionou foi que essas pessoas tinham algo para oferecer”, conta Alexander Betts à agência ‘Bloomberg’, recordando aqueles meses de voluntariado. “Um advogado bósnio ensinou-me um pouco de direito internacional. Um atleta olímpico iraniano ensinou-me um pouco de ténis de mesa”.
Tinha apenas 19 anos e esse viria a tornar-se o seu projeto de vida. Terminou os seus estudos e começou a analisar estratégias para integrar os refugiados nos países que os recebem para uma dissertação de mestrado. Uma das suas conclusões do seu estudo é que um dos principais medos dos países anfitriões é a perda de empregos para mão-de-obra mais barata, mas sublinha é “importante que o aspeto económico seja melhor compreendido, até porque a integração económica pode levar à integração social”.
Alexander Betts acredita que as medidas a serem implementadas devem, por isso, ser sobretudo ao nível empresarial. “Algumas empresas, como a Walmart e a IKEA, estão a fazer parcerias com fábricas jordanianas e sírias [que empregam refugiados], mas é necessário fazer mais”, afirma, destacando a promessa da Starbucks de contratar 10.000 refugiados em todo o mundo.