Paula e Maria (nomes fictícios) caíram nas redes do negócio da prostituição, casos que são pouco identificados em Portugal quando são a maioria a nível global. Não existem no nosso país? Amanhã: Escravatura e mendicidade.
Estudou até ao 12.º ano, começou a trabalhar e tornou-se independente, tinha uma relação amorosa de três anos, gostava da cidade em que escolhera viver. Tudo se desmoronou de um momento para o outro. Ficou sem emprego, sem o quarto, também o namoro terminou. Aliciaram-na para trabalhar no interior do país onde encontraria casa mais barata. Caiu numa rede de tráfico de mulheres para a prostituição.
Quis fugir ao fim de uma semana, mas pensava: "Será que tenho culpa? Eu é que me coloquei nesta situação! Só depois, com a psicóloga [no centro de acolhimento] é que percebi que a culpa não era minha. Quando ouvimos falar de violência doméstica, dizemos: "Batem-te e continuas a viver com ele?". Digo isto porque a minha mãe passou por situações de violência doméstica, eu e os meus irmãos tentámos que saísse de casa e ela ficava sempre. Dizia-lhe: "És a vítima e ainda te sentes culpada". Agora, sei que, quando estamos na situação, não dá para ver."
[Artigo exclusivo para assinantes]