in Jornal de Notícias
O governador do Banco de Portugal considerou que a consolidação orçamental não é suficiente para resolver os problemas da economia, defendendo a necessidade de aumentar a poupança das famílias, capacidade autofinanciamento das empresas e crescimento potencial da economia.
"Os imperativos com que está confrontada a economia portuguesa ultrapassam a consolidação orçamental, que é uma condição necessária, mas não suficiente de resolução dos problemas da economia portuguesa. Implica o aumento da poupança das famílias e da capacidade de autofinanciamento das empresas e o aumento da taxa de crescimento do produto potencial", afirmou Carlos Costa, durante a II Conferência Reuters/TSF.
"A sustentabilidade do modelo de desenvolvimento pressupõe reformas estruturais mais vastas, com prioridade para as que podem ter impacto imediato sobre a competitividade, a capacidade disponível e a criação de valor dos sectores exportadores de bens e serviços", acrescentou.
O governador do Banco de Portugal sublinhou que a economia portuguesa" tem de continuar a contar com o concurso dos investidores externos", o que significa que "a confiança dos investidores externos constitui uma pedra angular do processo de desenvolvimento da economia portuguesa".
Carlos Costa voltou a defender a necessidade de um crescimento sustentado da economia, a sublinhou a necessidade de serem aplicadas mais reformas, e com maior profundidade, explicando que entre estas é necessário "não só uma dimensão institucional e normativa, "mas também "um programa plurianual, vinculativo, que não só garanta a redução do rácio da dívida pública no PIB como constitua um limite ao crescimento da despesa pública".
Estes limites, segundo Carlos Costa, permitiram limitar o aumento da tributação e dessa forma salvaguardar "a atractividade do país como destino de investimento" de forma a sustentar o crescimento do PIB potencial e o emprego.
"O primeiro passo foi dado em 2010. Mas a caminhada é muito exigente e pressupõe mais do que a consolidação orçamental, pressupõe um conjunto de reformas estruturais que induzam uma dinâmica de empreendedorismo e investimento produtivo que reforcem de modo sustentado a competitividade da economia portuguesa", concluiu.