2.5.11

Primeiro Mundo

Rui Sequeira, in Correio do Minho

Um dos indicadores de uma sociedade mais justa é a maneira como trata os menos favorecidos. Reconhecemos sem grande dificuldade que tal indicador continua a ser hoje, apesar dos muitos avanços civilizacionais, cada vez mais difícil de atingir contrariando algumas expectativas que apontavam nesse sentido á poucas décadas atrás. Se quisermos colocar as coisas ao nível da pobreza - não da mendicidade ou da indigência - constatamos que ser pobre no terceiro mundo é completamente diferente, desde logo devido á disparidade económica e histórica, que ser pobre nas sociedades ocidentais.

Os problemas que afectam os pobres do terceiro mundo estão interligados com a necessidade de sobrevivência: ter água, alimentos e acesso a cuidados básicos de saúde. A guerra, a corrupção ou desastres naturais contribuem para agravar a situação. A pobreza no “nosso primeiro mundo” é relativa e passa muito pelas comodidades da vida. Não ter telemóvel, carro computador ou outros “i tecnológicos”; não ir a restaurantes, não fazer férias fora de portas ou estar-se privado de outros hábitos mundanos, são sinais relativos de uma pobreza específica na nossa sociedade e até de exclusão social. Alguns pensadores contemporâneos afirmam que é através da posse de coisas que interpretamos e conferimos coesão ás sociedades do “primeiro mundo”.

Numa era de vincado capitalismo de mercado livre que leva á descaracterização da cidadania e de valores como os da família, quero relevar pela positiva a decisão da câmara de Braga de ter proibido a abertura das grandes superfícies no domingo., dia do Trabalhador e também dia da Mãe.