in Jornal de Notícias
O porta-voz do Movimento de Utentes dos Serviços de Saúde, Carlos Braga, considerou "infelizes" as afirmações da ministra da Saúde, Ana Jorge, segundo a qual os portugueses recorrem a "demasiadas consultas médicas".
"São declarações infelizes porque penso que não há ninguém que recorra a um serviço de saúde por prazer ou por satisfação. Há muitos que não têm condições de recorrer ao Serviço Nacional de Saúde", indicou Carlos Braga, contactado pela Agência Lusa.
Segundo Carlos Braga, as afirmações da ministra são "desajustadas da realidade", nomeadamente devido "às longas horas de espera", "ao pagamento das taxas moderadoras" e "às longas distâncias" que os utentes muitas vezes têm de percorrer para aceder a uma consulta médica.
"As pessoas quando recorrem a uma consulta é porque sentem necessidade de recorrer ao serviço de saúde", defendeu o porta-voz do Movimento de Utentes dos Serviços de Saúde (MUSS).
Quinta-feira, na Lourinhã, a ministra da Saúde afirmou que os portugueses recorrem a "demasiadas consultas médicas", o que agrava o consumismo no Sistema Nacional de Saúde.
De acordo com a titular da Saúde, os portugueses "recorrem às consultas médicas sem necessidade, quando precisariam antes de outro tipo de atendimento prestado por outros profissionais, como enfermeiros ou terapeutas".
"Um hipertenso pode ser vigiado por um enfermeiro que controla a terapêutica e a tensão, se tudo correr bem, não tem de ir todos os meses à consulta médica", exemplificou.
A propósito desta sugestão da ministra, Carlos Braga disse: "Muitos cidadãos sabem lá onde é que poderão ir para terem um contacto com um enfermeiro ou com um terapeuta no sentido de evitar a sua consulta médica".