Célia Ramos Honorato, in "O Almonda"
“Por que é que não é normal ser diferente? — Refugiados” em debate na Biblioteca D epois da projeção de um filme alusivo à temática em reflexão e criado a partir de dúvidas e questões colocadas pelos próprios alunos em sala de aula. O primeiro painel moderado pela professora Ana Alves que, em colaboração com a professora Cristina Nunes, organizaram esta palestra, que contou com a presença de Constança Urbano de Sousa, Especialista em Direito das Migrações e por Daniel Oliveira, membro da Amnistia Internacional.
Durante este primeiro período de trabalhos, que se prolongou por todo o dia, foram analisadas as diferenças entre refugiado e emigrante, sendo que a principal oposição reside no facto de que os refugiados saem do seu país, não por vontade própria mas porque a Daniel Oliveira falou em seguida do que tem sido feito pela Amnistia Internacional na defesa dos Direitos Humanos.
“Sessenta milhões de pessoas em fuga com estatuto de refugiados e Portugal está preocupado porque vai receber quatro mil? E estes sessenta milhões onde estão? Oitenta e seis por cento estão em países em desenvolvimento como o Líbano, a Turquia ou o Egito. Quando fogem, fogem para onde podem. A Europa não está a ser invadida. Enquanto portugueses, não estamos a fazer nem metade do que nos compete”, defendeu.
Ao longo de todo o dia e para se juntarem a este debate tão atual, estiveram ainda entidades como o Conselho Português para os Refugiados, o Alto Comissariado para as Migrações, Associação “Famílias como a nossa” ou a Santa Casa da Misericórdia de Torres Novas. Juntaram-se ainda a este debate o Gabinete da Presidência da Câmara Municipal de Torres Novas e os técnicos Margarida Trindade e Jorge Simões, da Divisão de Educação e Cultura da CMTN que viveram o drama dos refugiados na primeira pessoa recentemente em Lesbos, Grécia.
Célia Ramos isso são obrigados para fugir das perseguições, da guerra ou ainda por questões políticas.
Um emigrante, por seu lado, sai do seu país para fixar residência em outro diferente, à procura de melhores condições de vida. Constança Urbano de Sousa recordou o cenário vivido após a II Guerra Mundial em que 60 milhões de europeus fugiram para outras partes do mundo. Hoje são os Sírios que estão a fugir das barbaridades que estão a ser operadas naquele país.
Como não têm vistos para viajar comodamente de avião, fogem por terra e por mar, recorrendo a redes criminosas e por essa razão assistimos a tantas mortes, sobretudo no Mediterrâneo. Não há fronteiras que os detenham. A fronteira do Mar Mediterrâneo é a mais mortífera. Três mil morreram no ano de 2014, isto quando falamos de 4 milhões que já conseguiram fugir e vão para países como o Líbano, a Jordânia ou a Turquia, explicou a especialista que defendeu ainda que é obrigação dos países “proteger estas pessoas”.
“Vão ser recebidos por Portugal 4.500 refugiados. Apenas 15 por cento chegam à Europa. Isto quando, de Portugal, desde 2011, já saíram 411 mil portugueses à procura de melhores condições de vida.
Temos de proteger os refugiados senão estamos a negar os valores e a capitular perante o Estado Islâmico. Não nos podemos esquecer que no passado também outras nações acolheram refugiados portugueses e europeus.
Existem países muito mais pobres que Portugal que estão a acolher refugiados. Esta é uma questão de solidariedade.
Depois de um minuto de silêncio, às 11 horas em ponto, em memória das vítimas dos atentados em Paris a 13 de novembro, foi dada a palavra a Daniel Oliveira que defendeu que os portugueses têm de relativizar a chegada de refugiados ao nosso país.
“É obrigação de todos relativizar o que está a acontecer com esta questão da chegada de refugiados ao nosso país. Este pico de afluência resulta da nossa inação, de não termos tomado as decisões na hora certa. Muitos dos refugiados que vão chegar têm formação superior e poderão acrescentar bastante ao nosso país. O apoio social que lhes vai ser dado é temporário e indexado pelo mínimo. Só não podemos relativizar o sofrimento destas pessoas”, começou por dizer este responsável.
“Por que é que não é normal ser diferente?— Refugiados” foi o tema de mais uma Palestra de sensibilização e esclarecimento organizada pela Escola Profissional de Torres Novas e que teve lugar na Biblioteca Municipal de Torres Novas, na segunda-feira, dia 16.
Coube à professora Ana Alves, docente na Escola Profissional, abrir este espaço e tempo de reflexão, dizendo que neste quarto seminário realizado por esta escola num contexto de “esclarecer o mais possível e formar opiniões fundamentadas”, em debate está o drama dos refugiados com especial destaque para a Síria que se encontra em “guerra civil desde 26 de janeiro de 2011, tendo já morrido 70 mil pessoas e um milhão já saiu do país”.