8.1.16

"Mulher Não Entra" quer lutar contra a exclusão das mulheres

João Alexandre, in "TSF"

Porque, em vários planos, as mulheres e as suas qualificações continuam, por diversas vezes, a ser ignoradas, três homens assumidamente "feministas" - a quem se juntou uma mulher -decidiram criar um espaço de denúncia contra a "invisibilidade" das mulheres. É o projeto "Mulher Não Entra".

"Temos reparado que há uma grande invisibilidade [das mulheres] dentro do que é o espaço mediático, da política, da academia, em tudo o que são os níveis de topo das empresas, em tudo o que é fazedores de opinião", critica Filipe Henriques, um dos criadores do projeto Mulher Não Entra.

A plataforma online, que procura denunciar e combater a exclusão das mulheres do espaço público, começou em dezembro, numa conversa entre David Crisóstomo, Gonçalo Sousa e Filipe Henriques, através da rede social Twitter, a que se juntou Maria João Pires.

O jornalista João Alexandre foi conhecer o projeto "Mulher não entra"
Depois de conversarem sobre a escassa ou, algumas vezes, inexistente presença do sexo feminino na comunicação social, em conferências, seminários ou nos centros de decisão política, decidiram colocar a ideia em prática.

"No dia seguinte já estávamos a colocar conteúdos", diz Filipe Henriques, que adianta que os "casos", sobre os quais mostram preocupação, são pesquisados pelos próprios, mas chegam também através de "sugestões" por correio eletrónico ou pelo Facebook.

A identidade dos criadores só há pouco foi revelada: "Como não nos apresentamos, pensam automaticamente que somos mulheres, o que serviu também para desconstruir um pouco essa ideia de que o feminismo é apenas uma coisa de mulheres, quando o machismo social que existe não é prejudicial apenas para as mulheres mas também para os homens", afirma o estudante de Ciência Política

Os "maus" exemplos, garante Filipe Henriques, são muitos: "Fizemos durante uma semana a análise de todos os artigos de opinião do Público e do Diário de Notícias e, num total de 109 artigos, apenas 16 foram feitos por mulheres. Depois, no Conselho de Estado, em 20 pessoas temos apenas uma mulher".

Por agora, o Mulher Não Entra é apenas uma "gota no oceano", por isso, qualquer mudança, ainda que mínima, será considerada uma vitória: "Se contribuirmos com uma pequena parte, já será muito bom", conclui.