Texto de Rita Pimenta, in Público on-line
“Terrorismo” ficou em segundo lugar e “acolhimento” em terceiro na lista das dez palavras que a Porto Editora pôs a votação no início de Dezembro. Mais de 20 mil portugueses participaram na escolha online
A palavra “refugiado” foi eleita por cerca de seis mil pessoas (31% dos participantes) para definir o ano que passou. A Porto Editora anunciou o resultado da sétima edição da Palavra do Ano nesta segunda-feira, 4 de Janeiro, de manhã, na Biblioteca Municipal José Saramago, em Loures, com a presença de Rui Marques, mentor da Plataforma de Apoio aos Refugiados.
Assim se define o nome e adjectivo masculino “refugiado”: “Que ou pessoa que se refugiou ou abrigou” e também “que ou pessoa que abandonou o seu país para escapar a guerra, fome, condenação, perseguição, etc. e que encontrou refúgio noutro país”. Diz respeito ainda ao “particípio passado de refugiar”.
As duas palavras que se lhe seguiram em volume de votos, mas a alguma distância, foram “terrorismo” (17%) e “acolhimento” (16%), conceitos de certa forma relacionados com o vencedor.
Para Paulo Gonçalves, do gabinete de comunicação e imagem da Porto Editora, “quando olhamos para a listagem final, facilmente percebemos ‘o filme’ do que se passou durante o ano”, são palavras que “espelham o passado” e servem de “memória futura”.
A chegada às dez palavras sujeitas a votação pelos portugueses em Dezembro resulta do levantamento ao longo do ano do “comportamento da língua na comunicação social, nas redes sociais e nas pesquisas nos dicionários online da Porto Editora”, descreve ao PÚBLICO Paulo Gonçalves, que acredita que estas revelam “a força da nossa língua” e “traduzem os acontecimentos fortes no mundo”. Nesta recolha, há também a preocupação de abranger “as várias áreas do quotidiano e do saber”. Segundo o profissional de comunicação, a iniciativa comprova que “é a língua que faz os dicionários e não o contrário”.
Estiveram também em votação os vocábulos “esquerda” (8% das escolhas), “drone” (7%), “plafonamento” (6%), “bastão de selfie” (5%), “festivaleiro” (4%), “superalimento” e “privatização” (ambos com 3%).
A iniciativa de encontrar uma palavra que sintetizasse o ano começou em 2009 e foi de imediato bem acolhida pelos leitores, o que faz com que a editora garanta a sua continuidade. “É tão certa como o Natal”, diz, divertido, o porta-voz da Porto Editora, que acredita que este exercício de “resumir o ano é uma prática que marca e que fica”. Agrada-lhe também a discussão que habitualmente se desencadeia após o anúncio da palavra vencedora.
Na primeira edição, ganhou a palavra “esmiuçar” (consequência do programa com o título Gato Fedorento Esmiuça os Sufrágios); em 2010, a escolha foi para “vuvuzela” (“a revelar o peso da indústria do futebol”); em 2011, “austeridade”; em 2012, “entroikado”; em 2013, “bombeiro” e, em 2014, “corrupção”.