In "Dinheiro Vivo"
Medida deverá ser chumbada no referendo. Governo local alega que rendimento pode desincentivar trabalho
E se os cidadãos da Suíça recebessem 2 500 francos por mês (2,2 mil euros) sem fazer nada? Esta é a pergunta do referendo que vai decorrer a 5 de junho e que põe em discussão a entrada de um rendimento básico incondicional, que substitua os subsídios pagos atualmente, adianta esta segunda-feira a Bloomberg. Mas a ideia de ajudar a retirar os suíços do limiar da pobreza pode não passar do próprio referendo.
É que as sondagens mais recentes dão conta do chumbo desta proposta – 72% dos votos são “não” – e o próprio Governo não concorda com a ideia, alegando que isto pode significar um aumento de impostos e criar desincentivos para trabalhar. Além disso, os 30 mil francos suíços recebidos por adulto ficariam pouco acima do limiar da pobreza de 2014: 29 501 francos suíços. Era abaixo deste patamar que se encontrava um em cada oito suíços em 2014. E se bastasse estar vivo para ter direito a um rendimento do Estado? “Não é que vejamos pobreza abjeta na Suíça, mas há algumas pessoas que não têm dinheiro suficiente e há outras que trabalham e não ganham dinheiro que chegue”, comenta Andreas Ladner, professor de Ciência Política, da Universidade de Lausanne, citado pela mesma agência. Yanis Varoufakis acrescenta que “um país como a Suíça tem a grande oportunidade para tentar fazer esta grande experiência”, comenta o antigo ministro das Finanças grego.
Em Portugal, entre os partidos com assento parlamentar, a introdução do rendimento básico incondicional foi defendida pelo Pessoas Animais Natureza durante a última campanha eleitoral. O Rendimento Básico Incondicional é um valor mensal incondicional a qualquer contrapartida atribuído a cada pessoa desempregada – jovem ou adulta. O PAN pretende que com este rendimento básico “as pessoas tenham uma fonte de rendimento que lhes possibilite viver na sociedade e se envolverem no mercado de trabalho, sabendo que tem um valor mensal assegurado e com esse valor somar ao rendimento obtido pelo trabalho desenvolvido”, escreveu o partido no programa eleitoral.