31.5.16

Refugiados: O que vem depois da semana mais mortal do ano?

in Jornal de Notícias

Há mais de um ano que o Mediterrâneo não sentia tantas mortes. Na semana passada, 700 pessoas morreram ao tentarem chegar à Europa por mar, diz a ONU.

Os últimos sete dias foram, de acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, aqueles em que mais migrantes morreram em naufrágios, desde há mais de um ano.

Em comunicado, a UNICEF mostrou-se alarmada com o número de vítimas - 700 - algumas delas crianças. Antecipando um aumento significativo do número de menores não acompanhados que recorrem à travessia entre a Líbia e a Itália - onde chegam mil a cada mês -, o braço da ONU inicia em breve uma operação em colaboração com o Governo italiano para prestar apoio.

Hungria instala "barreiras permanentes"

O número crescente de migrantes a quererem chegar à Hungria levou o governo a anunciar, ontem, o reforço da vedação na fronteira com a Sérvia. Na origem do aumento do fluxo migratório em direção à Europa central. está a evacuação do campo de refugiados de Idomeni, na fronteira entre a Grécia e a Macedónia.

Quando, na semana passada, as autoridades gregas retiraram cerca de 8.400 pessoas do campo e as levaram para centros de acolhimento, algumas acabaram por seguir pela rota dos migrantes, apesar do encerramento de fronteiras imposto em meados de fevereiro, por vários estados dos Balcãs. De acordo com o governo, o número de entradas ilegais subiu de entre 70 e 90 para entre 100 e 150 por dia, desde a evacuação do campo de Idomeni, o que vai levar à instalação de "barreiras permanentes" em locais onde o arama farpado já "não é suficiente" para impedir os migrantes de entrar.

Afeganistão: Número de deslocados internos duplica para 1,2 milhões em três anos

O número de afegãos que fogem da guerra e ficam dentro das fronteiras do país mais do que duplicou de 500 mil para 1,2 milhões nos últimos três anos, segundo novo relatório da Amnistia Internacional (AI).

A investigação, intitulada "Os meus filhos vão morrer este inverno: As promessas falhadas do Afeganistão para os deslocados", dá conta de que, apesar das promessas sucessivas dos governos afegãos, a população deslocada internamente continua sem abrigo adequado, comida, água, cuidados de saúde, direito à educação e emprego, lançando uma nova luz sobre as vítimas esquecidas da guerra,

"Mesmo depois de abandonarem as suas casas em busca de segurança, o número crescente de afegãos estão a definhar em condições terríveis no seu próprio país, e a lutar pela sua sobrevivência sem nenhum fim à vista", disse a diretora da Amnistia Internacional do Sul da Ásia, Champa Patel.

Apesar de as autoridades afegãs prometerem a melhoria das condições dos campos de migrantes, a AI dá conta de que os despejos forçados - tanto do governo como de atores privados - são uma ameaça diária.

O Afeganistão é ainda um dos países com mais cidadãos refugiados, com cerca de 2,6 milhões a viverem além-fronteiras.