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Há quase um ano que não existe um plano nacional de apoio. Há um "buraco", disse o Presidente no Porto, onde esteve a distribuir refeições, na abertura do primeiro restaurante solidário.
Há "um buraco" no plano nacional de apoio a pessoas sem-abrigo, instrumento fundamental para algumas instituições poderem sobreviver. O alerta é deixado pelo Presidente da República na noite de quinta-feira.
"O último plano terminou no final de 2015, em 2016 não houve plano, mas sim um prolongamento parcial do plano e, este ano, o Governo ficou de apresentar um novo plano nacional, estando algumas instituições à espera porque é uma necessidade", disse Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas, após distribuir refeições no primeiro restaurante solidário do Porto.
Esperando que o executivo de António Costa dê uma resposta "rapidamente", o chefe de Estado salientou que é necessário fazer o levantamento das necessidades em todo o país, sobretudo nos grandes centros urbanos, e saber quais as instituições de apoio existentes e o que fazem para poder apoiá-las.
"Tem de haver um plano geral de apoio a estas instituições senão não sabem como sobreviver", considerou.
Marcelo Rebelo de Sousa realçou que há "um buraco", nomeadamente no apoio às pessoas sem-abrigo.
À chegada ao restaurante, coordenado pelos voluntários do Centro de Apoio aos Sem-Abrigo (C.A.S.A), onde de segunda-feira a domingo são servidas cerca de 170 refeições diárias a pessoas carenciadas, o Presidente da República despiu o casaco, vestiu a camisola de voluntário, calçou as luvas e distribuiu comida.
Enquanto ia perguntando às pessoas se queriam mais sopa, se a comida estava boa ou as ajudava a sentar, dada a mobilidade reduzida, Marcelo Rebelo de Sousa ia ouvindo as suas queixas.
"É importante chamar à atenção para este problema, há instituições que vivem situações muito complicadas", frisou, sublinhando que ajudar estas pessoas é uma "missão de peso".
Esta sua presença visa transmitir uma mensagem de esperança a esta gente e mostrar-lhes que não estão esquecidas, abandonadas e marginalizadas, explicou.
"Não se podem sentir discriminadas porque têm o seu papel na sociedade", ressalvou.
Pobreza diminui "um pouquinho"
O problema dos cidadãos sem-abrigo é mais grave em Lisboa do que no Porto, considerou.
A noite do Presidente da República não terminou no restaurante, tendo ainda ido para o parque de estacionamento junto à Estação de Metro da Trindade distribuir mais refeições, mas agora em contexto de rua.
Todas as quintas-feiras, um grupo de amigos, sob o nome "Amor Perfeito", distribuem refeições e bens alimentares a pessoas com as mais diferentes dificuldades.
Acarinhado por todos, o chefe de Estado lembrou que a pobreza diminuiu "um pouquinho" em 2016, mas continua a existir muita porque há muitas pessoas que tinham um certo nível de vida e, de repente, este caiu a pique.
Enquanto esperava por uma malga de massa de bacalhau, uma das pessoas na fila recomendou, em jeito de brincadeira, "cuidados" ao Presidente da República porque estava a ficar com a barriga "muito grande".
Já outros ficavam positivamente surpreendidos com a sua presença, elogiando a sua solidariedade, desejando que todos os políticos lhe seguissem o exemplo.
Todas as semanas, o "Amor Perfeito" distribui cerca de 150 refeições e uns sacos com bens alimentares oferecidos a famílias com crianças, a idosos, a sem-abrigo ou desempregados em dificuldades.