José Fialho Gouveia, in Diário de Notícias
Entrevista a Paulo Marques, vereador em Aulnay-sous-Bois
Como está o ambiente na sua zona, em Aulnay-sous-Bois?
Aqui a situação está calma já há vários dias. No entanto, noutras localidades continuaram os distúrbios, nomeadamente em Bobigny, no fim de semana.
Encontra semelhanças com o que se passou em 2005?
Não. As condições não são idênticas. Em 2005 tinham morrido dois jovens. Desta vez isso não aconteceu e o próprio Théo fez um apelo à calma. A atuação do presidente da câmara, Bruno Beschizza, junto da população também permitiu que nada disto seja idêntico ao que se passou em 2005.
Ainda assim, mais uma vez estamos a falar de confrontos entre a polícia e os jovens dessa zona. O que faz com que Seine-Saint-Denis seja um local propício a este tipo de acontecimentos?
Há jovens que gostam de provocar distúrbios. Isso é um facto que nós conhecemos. Para se ter uma ideia, em cada 14 de julho - feriado nacional - e em casa passagem de ano são perto de 10 mil veículos que são incendiados em França. Diria que 99% dos habitantes de Aulnay-sous-Bois querem segurança e querem que a polícia esteja presente. E depois há 50 jovens que provocam os distúrbios. Isso acontece mesmo quando não há vítimas como foi agora o caso com o Théo. São jovens que querem fazer a sua própria lei, nomeadamente os traficantes de droga.
O que pode então ser feito para contrariar este tipo de acontecimentos?
A Justiça funcionar melhor e uma polícia mais eficaz, com mais meios de vigilância. Depois tem que haver - e isso é fundamental - uma resposta ao problema do desemprego. Temos um nível de desemprego jovem de 25%. Assim não é possível haver paz social.
Tudo indica que neste caso do jovem Théo estamos perante uma situação de abuso policial. É algo isolado ou tem informações que indiquem que poderá tratar-se algo recorrente?
Não, não é prática corrente. A justiça irá agora fazer o seu papel.