13.7.10

Com estes cursos só não arranja emprego quem não quer

Por Alexandra Barata, in Jornal Público

Licenciaturas na área da Informática têm quase 100 por cento de empregabilidade, em multinacionais como a Nokia Siemens


Num mundo que não dispensa tecnologias, um curso de Informática pode ser um salvo-conduto no mercado de emprego. Mas há sucessos que se destacam mais que outros e o que está a acontecer com os licenciados nestas áreas pela Escola Superior de Tecnologia e Gestão (ESTG) do Instituto Politécnico de Leiria é um exemplo de esperança, num país que tem 54.600 desempregados com formação superior (dados do Instituto Nacional de Estatística, relativos ao primeiro trimestre de 2010).

Na ordem de 80 por cento dos colaboradores da área de negócio pós-venda da Nokia Siemens são recrutados naquela escola superior. A boa preparação técnica dos alunos das licenciaturas em Engenharia Informática e Informática para a Saúde e do mestrado em Engenharia Informática-Computação Móvel também está a aguçar o apetite de outras multinacionais, entre as quais a SAP, líder mundial de software de gestão, que acabou por se inscrever na bolsa de emprego do Instituto Politécnico de Leiria para aqui recrutar técnicos.

"Os alunos de Leiria são sempre a nossa prioridade", assegura Gonçalo Ferreira, gestor da Care da Nokia Siemens, que mantém uma relação de parceria com esta escola superior de Leiria, há cerca de dez anos, para garantir acesso preferencial aos recursos humanos. "Ao contrário dos outros estudantes, além de terem uma boa componente técnica, tornam-se produtivos muito rapidamente. Já tivemos experiências no passado com outras universidades, mas não correram tão bem."Gonçalo Ferreira evidencia, por outro lado, a "grande facilidade de aprendizagem dos alunos da ESTG de Leiria, relativamente aos estudantes de outras universidades em Coimbra e Lisboa". A satisfação com a formação ministrada em Leiria é visível também no facto de haver outros alunos da ESTG a trabalhar na Nokia Siemens, nomeadamente na área de negócio ligada à consultadoria.

Convites diários

Tiago Marto é software developer na Wit Software e tem uma "ideia muito positiva" dos alunos da ESTG, pelo que está a tentar reforçar a equipa de Leiria - onde a empresa abriu recentemente uma filial -, recorrendo ao estabelecimento de ensino. "Notámos que os estudantes da ESTG têm uma melhor preparação em certas áreas que nos fazem falta, como a mobilidade", refere. "O curso de Engenharia Informática é muito bom."

A boa impressão que os alunos licenciados em Leiria causam nas empresas constata-se ainda no número de convites que recebem para trabalhar mesmo antes de concluírem o curso, a maior parte dos quais são ignorados, pois os estudantes sabem que têm colocação assegurada no mercado depois de terminarem os estudos.

Apesar de as ofertas de emprego serem superiores ao número de diplomados, o coordenador do departamento de Engenharia Informática, Patrício Domingues, defende que as 65 vagas (15 das quais em regime pós-laboral) para o curso de Engenharia Informática e 40 vagas para Informática de Saúde são suficientes. "A abertura de mais vagas iria saturar o mercado", justifica.

Patrício Domingues tem, contudo, consciência de que não são suficientes para dar resposta às necessidades crescente de profissionais na área da Informática. A título de exemplo, refere que receberam 26 propostas de estágios em Informática para a Saúde, mas só há 14 estudantes disponíveis. Em relação ao mestrado em Engenharia Informática-Computação Móvel, revela que muitas empresas já manifestaram uma "forte vontade" de acolher estagiários no próximo ano lectivo.

Produtivos desde cedo

"Estamos bem cotados no mercado. Os nossos cursos estão orientados para a prática. As empresas não têm de dar formação", explica Patrício Domingues. "Os alunos já conhecem os equipamentos e soluções e conseguem colocá-las em funcionamento. Logo no primeiro dia são produtivos, porque saem daqui a saber fazer", acrescenta.

Com uma forte componente prática, a formação ministrada na ESTG é reconhecida como mais-valia pelas empresas, que seduzem os alunos com salários elevados, sobretudo para quem acabou de se licenciar. Por norma, os estudantes entram no mercado a ganhar dois ordenados mínimos, ou seja, 900 euros. Mas é frequente, ao fim de um ano, estarem a receber cerca de 1500 euros.

A ESTG pretende alargar a sua oferta formativa na área da Informática no próximo ano lectivo. Patrício Domingues revela que foi proposta a reabertura da licenciatura em Engenharia de Redes e Serviços de Comunicação, por ser uma área muito procurada pelo mercado.