16.7.10

Estado da Nação: Desemprego e pobreza preocupam

in RR

Na nação que vai hoje a debate, há um tema que se destaca. No Parlamento, mais logo, e no país em particular desde 2009: o desemprego está a gerar uma crise social de dimensões ainda imprevisíveis que é transversal a toda a sociedade.

Já nem os patrões são poupados. Disparou, nos últimos dois anos, o número de sócios-gerentes de micro e pequenas empresas falidas no desemprego e sem protecção financeira.

São desempregados sem direito a subsídio de desemprego, sublinha José Alves da Silva, o presidente da Associação PME Portugal. Grandes dificuldades financeiras para os antigos sócios-gerentes de empresas que caíram no desemprego ao longo dos últimos dois anos. As suas empresas faliram, faltam apoios sociais. É crescente, neste meio, a pobreza envergonhada, explica.

O desemprego entre os patrões é pouco falado, mas alastra de forma particularmente visível na sociedade portuguesa. Quem tem trabalho sente-se inquieto com o futuro. Crescem as filas junto aos centros de emprego.

Há, contudo, nestes tempos de crise quem se queixe da falta de mão-de-obra. O presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP)diz que é difícil encontrar interessados em trabalhar a terra, nomeadamente no período das colheitas.
A ministra do Trabalho não tem dúvidas de que o desemprego será um tópico central do debate do Estado da Nação. Helena André diz que começou a decrescer o número de novos desempregados, embora admita que se trata apenas de um sinal.

Debate no Parlamento
A crise económica e as consequências sociais serão marcas essenciais do debate sobre o estado da nação. Perante os deputados José Sócrates deverá apresentar, mais logo, um discurso moderadamente optimista, e lembrar num país sem um governo de maioria absoluta, as responsabilidades tem que ser partilhadas.

Tem-se deteriorado nas últimas semanas o relacionamento político entre os dois maiores partidos portugueses, com o PSD a dizer que começa a ficar cansado das críticas do primeiro-ministro a Pedro Passos Coelho, e o líder social-democrata a afastar a hipótese de um bloco central insistindo na tese da alternativa.

Apesar da distância política, o Governo socialista e o PSD protagonizaram alguns episódios significativos de aproximação estratégica para combater o défice.

Francisco Maria Balsemão, o presidente da Associação Nacional de Jovens Empresários, insiste que é fundamental defender a imagem do país no exterior.

Já o maestro António Vitorino de Almeida sustenta que se fosse transcrito para uma pauta, o estado da nação, seria uma música desagradável ao ouvido.

O professor António Câmara, presidente da Y-Dreams - Prémio Pessoa em 2006 - diz que a par das más noticias existe uma massa critica de talento, em Portugal, de que resultaram empresas com capacidade para competir e triunfar à escala global.