por Elisabete Silva, in Diário de Notícias
Para ter dinheiro para as férias ou enriquecer o currículo, muitos trabalham em hotéis ou são monitores de colónias de férias
Ana Rita adquiriu o gosto por ganhar o seu dinheiro quando no Verão passado trabalhou no Centro Cultural em Lagos. Hoje, com 17 anos, quer repetir a experiência de ter um emprego nesta altura do ano. A mãe é divorciada e tem mais dois irmãos (com 13 anos e 18 meses). Nunca lhe faltou nada, mas, com a universidade a aproximar-se, Ana Rita sente a necessidade de ganhar algum dinheiro para ter a sua liberdade e "aliviar" as despesas da mãe com ela.
Carla Assunção (a mãe) resolveu ajudar a filha inscrevendo-a na Empregos Manager para que conseguisse ter um part-time. "Acho que é uma atitude muito positiva. Mas chega um part-time. Assim tem o seu dinheiro, mas também aproveita a vida como deve aproveitar na idade dela", explicou ao DN.
Casos como este são cada vez mais comuns. Os jovens procuram ocupar as férias, ou parte delas, com um emprego. As ofertas estão a aumentar, a procura também.
Na empresa de recrutamento Kelly Services, por exemplo, as ofertas ascendem às 350, o que perfaz um aumento de 49,5%. Na Empregos Manager, que funciona no Algarve, existem 300 vagas, com a Adecco a ter números ligeiramente superiores.
A hotelaria e promoções de eventos são dos mais procurados (ver caixa). Mas muitos jovens optam também por ser monitores de colónias de férias e nadadores salvadores. Estes últimos são dos mais bem pagos, chegando a ganhar mil euros por mês.
Pedro Telhado, 17 anos, optou por gastar duas semanas das suas férias a ser monitor e acompanhar crianças na praia da Costa de Caparica. Ganhou 150 euros e teve de trabalhar das 08.30 às 16.00. "Bastam-me essas duas semanas, para ter dinheiro para as férias", contou o jovem ao DN.
Mas nem todos os jovens têm apenas o objectivo de ganhar dinheiro, pensando também no futuro. "Acima de tudo estes empregos de Verão funcionam como uma experiência profissional e para enriquecimento do currículo", salientou ao DN António Carvalho, da Kelly Services.
O responsável realçou ainda que "cada vez mais estes jovens acabam por ser 'absorvidos' nos locais onde trabalham". "Esta é uma tendência a que assisto cada vez mais", reforçou.
António Carvalho explicou ainda que quando um recém-licenciado vai a uma entrevista e não tem no seu currículo qualquer experiência profissional, mesmo que não seja para a área que procura, enfrentará uma forte possibilidade de ser ultrapassado por outro jovem que já tenha trabalhado. "Estes jovens com experiência são vistos como mais preparados para entrar definitivamente no mercado de trabalho. Mesmo que tenham sido empregos de área diferente, há que entender que a parte comportamental é muito importante e que não é só a parte técnica que conta", afirmou.